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“A boca fala do que o coração está cheio”

Os palavrões e xingamentos revelam do que o coração está cheio e estão por toda parte, são com frequência pronunciados em locais públicos, entre os quais: bares, restaurantes, lojas, empresas, escolas, igrejas, órgãos públicos, etc., e demonstram o total desrespeito a tais ambientes e as pessoas que os frequentam.

O palavreado chulo, geralmente, é seguido de xingamentos, que viraram modismo nos programas de televisão e na web, que servem para chocar ou trollar seus espectadores.

O problema é que a superexposição dessa linguagem maldosa é algo grosseira, espiritual e psicologicamente nociva e revelam o que o coração está cheio.

Além do que é uma falta de educação que destrói o sentido das relações humanas, com a eclosão de ofensas evasivas, se configurando como uma catarse, que esconde questões mal resolvidas na fase anal, fálica e genital.

É, principalmente, um interesse psicopatológico por fezes, ocultando desejos inconscientes do coração.

Assim, as palavras obscenas se misturam nesse contexto, mas antes eram faladas somente em situações íntimas entre amigos, familiares e casais, que causavam uma “vergonha” permitida pelos interlocutores.

Hoje, a fala inconsequente domina a internet, onde as pessoas são esculachadas: quem mais ofende ganha mais likes, sendo que os insultos ainda chegam repletos de erros gramaticais. Não há nessa atitude estética literária, tampouco exercício da crítica e nem liberdade de pensamento.

Aliás, os palavrões e xingamentos crescem em lares ou famílias impregnadas de intrigas e discórdias, em que crianças e adolescentes assimilam essas atitudes, que se reproduzem nas escolas e rede sociais, em forma de bullying.

As palavras têm poder simbólico, mesmo no seu uso pejorativo, que de forma subjetiva são ditas por meios pegajosos, para nos transmitir a sensação de que vivemos em mundo escatológico, que precisa de ordem e força.

Há séculos os grandes filósofos e líderes espirituais tinham a consciência de que quanto mais obscenos os discursos dos sujeitos, mais obscenos serão seus pensamentos, consequentemente, mais nauseabundas serão suas condutas.

E, atualmente, a neurociência identifica os “estragos” que a emissão de obscenidades causa no cérebro.

Contudo, temos várias maneiras dos indivíduos se libertarem do hábito repulsivo e medonho de dizer palavrões e xingamentos, o primeiro passo é não falar e nem postar nada, tentando vigiar os venenos da língua e as amarguras do coração. Elevando-se como ser humano acima da vulgaridade verbal, comportamental e da miséria da alma.

Portanto, essa linguagem se transmuta em indigência intelectual e imaterial, que se manifesta em ações sociopolíticas de ordem sádica ou necrófila.

Afinal, é a comunicação verbal que nós, seres humanos, usamos para nos expressar, dando sentimento e intenção em todas as palavras. Mas, se elas estão corrompidas pela baixeza – vão mostrar sinais – do que existe de pior dentro de nós. É como disse Jesus: “A boca fala do que o coração está cheio.”

Jackson César Buonocore

Sociólogo e Psicanalista

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