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A devastação emocional e social do suicídio

A mídia tem divulgado notícias que envolvem suicídio de celebridades no Brasil e no mundo, como se fosse “frescura” ou ingratidão.

Essas mensagens sensacionalistas passam a ideia de que pessoas famosas são imunes a depressão e outros problemas, que só acontecem com os “reles mortais”.

Ao contrário disso, o suicídio não escolhe os seres humanos pelo capital econômico (renda e bens), pelo capital cultural (diplomas e títulos), pelo capital social (relações sociais) e pelo capital simbólico (fama e honra). Ou seja, o ato de tirar a própria vida atinge todas as classes sociais, desconstruindo essa visão distorcida.

As tentativas de suicídio ou sua prática efetiva carrega uma enorme dose de sofrimento e agonia, que atingem ricos, pobres, famosos e anônimos. É uma dor da alma, que pode ser em decorrência de uma crise emocional ou de uma perturbação mental, que potencializa a ação suicida.

Cada suicídio ou sua tentativa provoca muita consternação entre parentes e amigos, produzindo imagens dolorosas, quem podem persistir por anos. Por exemplo, as mulheres tentam o suicídio quatro vezes mais que os homens, mas os homens morrem devido à tentativa, três vezes mais do que as mulheres.

A prática do suicídio mostra que de fato os homens utilizam métodos mais agressivos e letais nas tentativas, tais como: armas de fogo ou enforcamento, já as mulheres tentam suicídio com técnicas menos agressivas e com maior incidência de ser ineficaz, como tomar remédios ou venenos.

A devastação emocional e social dos suicídios se revela em números assustadores, conforme os dados da Organização Mundial da Sul (OMS), no qual aponta que cerca de 3.000 pessoas por dia comete suicídio no mundo, o que significa que a cada 30 segundos uma pessoa se mata. Estima-se, que para cada pessoa que consegue se suicidar 20 ou mais tentam sem sucesso e que a maioria dos mais de 1,1 milhões de suicídios a cada ano poderia ser prevista e evitada.

O Brasil está entre os 10 países do mundo no ranking do suicídio, onde ocorre em média 11.000 casos por ano.
Acrescente-se a isso as muitas mortes que não são registradas como suicídio. Então, é urgente que a sociedade e o Estado se mobilizam para antever e impedir o número de suicídios e tratar esse assunto com a gravidade que ele merece. q isso as muitas mortes, que não são registradas como suicídio. Sendo assim, é urgente que a sociedade e o Estado se mobilizam para prever e evitar o número de suicídios e tratar esse assunto com a gravidade que ele merece.

O sociólogo Émile Durkheim revelou em seu magistral estudo, que o suicídio é um fenômeno social que não dependente de raça, psicologia, hereditariedade e insanidade. Ele também destacou que o suicídio é uma doença da época, e que anomia seria a causa principal. Anomia é um estado marcado pela falta de regulamentação, paixões ilimitadas, horizontes infinitos e tormento: cenário potencializador da prática de suicídio.

Esse contexto é típico da nossa sociedade líquida, em que a vontade de acabar com a própria vida aumentou entre jovens e adultos desolados. Portanto, precisamos estender as mãos para salvar vidas, que estão na iminência de cometer a autodestruição, bem como repudiar qualquer ideia preconceituosa sobre o suicídio, entre elas: notícias espetaculosas, superstições religiosas, comentários maldosos e opiniões do senso comum.

Jackson César Buonocore

Sociólogo e Psicanalista

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