A gente não conduz a vida, é ela quem nos conduz!
Vem cá. Senta aqui e deixa eu te contar uma coisa.
Sabe, eu já passei por muito, já conheci muita gente, já vi muito e já me decepcionei mais um bocado.
Já decepcionei também.
Já fiz feliz e já fui muito feliz. Já mudei de ideia, já voltei atrás, já pedi desculpas e já desculpei.
Já achei que algo me mataria para no final acabar sobrevivendo mais forte e melhor. Já chorei até dormir, já gargalhei até ficar sem ar. E já recomecei do zero. Dezenas, centenas, milhares de vezes.
Eu estou sempre me reinventando.
Não tenho medo de apertar o botão de reiniciar.
Às vezes precisamos de pequenas restaurações. E se tivermos medo de fazer reformas, uma hora tudo desaba. É preciso manter a vida em constante manutenção.
Deixa eu te contar também que eu não fico onde eu não sinta mais que é o meu lugar. Não fico onde eu só vá atrapalhar. Não fico onde não sou mais bem-vinda.
O mundo é tão grande, e se eu ainda não encontrei, uma hora eu ei de encontrar o meu lugar. Não tenho pressa também.
Eu vou devagar, eu vou aos poucos, eu vou apreciando a paisagem. Porque, você sabe, chegar a um ponto é ótimo, mas melhor do que chegar lá, é aproveitar o caminho.
E sabe do que eu não abro mão? Vou te contar: da liberdade. E é por isso deixo tudo a minha volta o mais livre possível.
Nos disseram que a liberdade separa, afasta, empurra, mas estavam errados, não existe elo mais forte do que a liberdade. Ela une mais do que cola.
Pela liberdade a gente fica, a gente junta, a gente cria laços, a gente faz moradia, a gente não vai embora nunca mais.
Mas às vezes a gente se embanana toda e justamente pelo medo de perder, a gente perde. E então só aprendemos isso vivendo. A gente só aprende perdendo.
E por falar em perder, quero te falar também que eu não tenho medo de perder, não. Já perdi muito. Já perdi tudo até quando achei que não tinha nada.
E depois que você se vê no eco do vazio, você perde o medo de perder porque você sabe que é capaz de se reconstruir.
As pessoas têm muito medo de perder, de sofrer, de se machucar, de quebrar a cara. Eu não entendo o porquê. Todo machucado uma hora cicatriza.
Toda dor uma hora sara. Nenhum buraco é fundo o suficiente que nos impeça de subir de volta a superfície.
E sofrer significa que você foi feliz antes, que você viveu. Só não sofre quem já morreu. Então eu deixo a vida acontecer do jeito que ela tem que acontecer: com todas as alegrias, todas as decepções, todos os ensinamentos e todas as dores.
A gente não conduz a vida, é ela quem nos conduz. A gente só vai, como uma pena na ventania, e torce para ser o mais lindo possível.
E é. Sempre é.
A gente só precisa estar atenta para não perder nenhum momento de beleza.
Então deixa eu te contar só mais uma coisa: eu estou atenta. E você, está?