Para tudo existe um limite, até para o amor. Muitas vezes, insistimos em uma relação que nos faz mal porque estamos presos nas armadilhas do ego.
O ego não quer que a gente perca nada, nem ninguém, ele simplesmente não aceita, ele nos pede para ficar, para tentar mais, para insistir, ele não admite ser usado ou deixado pra trás, ele se fere e nos impede de seguir em frente.
O ego ferido é um fanfarrão, ele nunca aceita que algo que ele desejava muito chegue ao fim, e por isso, ele incentiva em nós, atitudes que não teríamos se escutássemos mais o nosso coração, com um pouco de bom senso.
A gente sofre porque deixamos o ego controlar nossas ações, nossas palavras, nossas vidas.
E não adianta culpar o ego por tudo, ele não é o vilão nessa história, ele simplesmente quer que nós realizemos os nossos desejos. O problema começa quando a gente não sabe avaliar quais desses desejos nos trarão benefícios e quais nos levarão para o fundo do poço.
Nós só conseguimos estabelecer uma relação saudável com o ego quando paramos para compreender as nossas reais necessidades, e seguimos na direção daquilo que nos faz bem.
Enquanto ficarmos aceitando a teimosia e a infantilidade do ego, como uma criança que quer um brinquedo no shopping, insistiremos em situações que nos trazem sofrimentos devastadores.
Relacionamentos doentes são comuns, infelizmente, justamente porque poucas pessoas conseguem dominar o ego. Normalmente, os casais se deixam levar por desejos egoístas e acabam machucando uns aos outros.
Isso também acontece quando não conseguimos compreender quais são as nossas necessidades e ficamos exigindo que o outro as atenda, quando ele mesmo, nem sabe quais são.
Esse constante insistir em situações que já provaram que não são para nós, é a fórmula mágica do sofrimento humano. Pare de insistir no que te faz mal, e tudo que estava te ferindo, se dissipa.
Parece mágica, mas não é. É pura atitude de amor-próprio.
a gente entende que chegou no limite do aceitável dentro de uma relação quando a gente, simplesmente não quer falar mais nada.
A conversa não se faz mais necessária porque não existem mais palavras que possam exprimir como aquela relação nos fez sentir.
Quando chegamos a esse ponto, a única coisa que podemos fazer é acolher a experiência, aprender a lição e afagar o nosso ego, oferecendo a nós mesmos, os agrados, presentes, e mimos que desejávamos que nos fosse dado pelo outro.
Dentro dessa lição existe a moral da história: Nunca dependa do amor de ninguém para ser feliz! Ofereça a você todo amor que precisar! Agindo assim, você nunca ficará presa nas teias emaranhadas do ego ferido, porque você jamais colocará a sua felicidade nas mãos do outro.
Um dos autores que eu mais gosto é o Fernando Pessoa, ele escreveu certa vez um poema lindíssimo que insinua em sua mensagem, que em alguns momentos o melhor que fazemos é não dizer nada.
Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver…
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
Qual é o seu limite?
Descubra! E não deixe que o ego domine as suas ações.
Busque se reinventar todos os dias, se amar, se oferecer o melhor, só assim você vai se sentir bem com você a ponto de não aceitar migalhas de ninguém, e nunca mais ficará se desgastando, se humilhando, querendo conversar com alguém que não se comprometeu verdadeiramente com você.
A gente sabe que chegou no limite quando não queremos dizer mais nada.
*Foto de Taylor Deas-Melesh no Unsplash. *Texto de Iara Fonseca.
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