“A inteligência está relacionada ao surgimento de transtornos de personalidade”, diz neurocientista
Estudos demonstram que o QI médio do Brasil é 87, um pouco maior do que a média global.
Embora seja, frequentemente, utilizado para medir o nível de inteligência das pessoas, o QI, pode indicar mais características sobre um indivíduo do que se imagina.
A esquizofrenia, os transtornos de personalidade, uso de álcool, abuso de substâncias e outros problemas, por exemplo, podem estar associados a presença de um baixo QI. Demonstrando que o baixo QI pode ser uma consequência de doença mental ou um fator causal em transtornos psicóticos e não psicóticos.
Dados demonstram que, durante a pandemia, o número de casos de transtornos de personalidade aumentou e, por isso, é de extrema importância, aprender a identificar fatores de risco para o surgimento de problemas que afetam significativamente a qualidade de vida das pessoas.
Os transtornos, assim como qualquer distúrbio ou doença mental, têm sempre um precursor genético e o ambiente serve como gatilho, assim como pessoas com menos chances genéticas também podem apresentar variações de acordo com as circunstâncias.
A inteligência é um importante fator no controle emocional e comportamental. Em casos de transtornos ou doenças mentais, o lobo frontal, região da lógica, tomada de decisões e prevenção encontra-se diminuído e a conexão com o sistema límbico e paralímbico também.
Por isso, é importante considerar que existem diversos mecanismos que podem ser utilizados para melhorar a comunicação entre neurônios, possibilitando um maior desenvolvimento cerebral e, consequentemente, reduzindo a possibilidade de surgimento de problemas neurológicos relacionados à influência do QI.
A neuroplasticidade é um bom exemplo de como melhorar o desenvolvimento dos neurônios de contexto que estão conectados com a tomada de decisão.
A má notícia é que em um estudo recém publicado na revista Intelligence, a pesquisadora Ruth Karpinski, da Pitzer College, feita com os membros altamente inteligentes da Mensa, a maior, mais antiga e mais famosa sociedade de alto QI do mundo, descobriu que eles eram mais propensos a sofrer de uma gama de sérios transtornos.
Como neurocientista e membro da Mensa, não estou isento disto.
Ser altamente inteligente tem um lado bom e um ruim. O lado bom é a facilidade pra resolver certas situações e o lado ruim é enxergar a verdadeira situação.
O maior problema é que, se for pra colocar na balança e colocar um denominador de busca na vida, que é a felicidade, eu acredito que seja mais ruim do que bom.
Quando temos um percepção estritamente racional sobre as situações da vida as decepções são maiores do que os contentamentos.
Às vezes, como a maioria não tem essa mesma percepção, isto coloca aquelas pessoas em um universo próprio dentro do que acreditam, indo buscar conforto naquilo que as proporcionem momentos felizes e acreditar no que lhes faça bem.
A pessoa inteligente é muito cética e precisa de fatos para demonstrar alguma fé na humanidade. No entanto, não estou dizendo isso baseado em estudos, mas sim, na minha experiência.
No meu caso, isso não quer dizer que eu não acredite nas pessoas, pelo contrário. Confio em todos até que me provem ao contrário. Eu, a princípio, não tenho reservas ou medo de estar com as pessoas, mas se elas me provarem ao contrário, de que não merecem minha confiança, então eu não me relaciono mais.
Eu tive muitos problemas em relação a ser sociável na infância. Eu não falava com as pessoas, eu só observava. Com o tempo eu tive a consciência que isso ia me atrapalhar e me doutrinei para mudar.
Era um misto de vergonha, introspecção e do fato de eu estar preocupado em como iriam me ver, a imagem que teriam, se iriam rir ou falar algo de mim. Então eu me trancava no meu mundo e buscava algum conforto.
Hoje devido a minha profissão eu sou mais sociável. Eu aprendi a gostar de interagir com as pessoas, mas ainda tenho meu lado envergonhado e a preocupação com o que possam achar de mim.
A depender do dia e do nível de ansiedade em que eu me encontre, eu posso ter um pouco de paranóia ao estar em locais públicos com muita gente, e ficar preocupado com o que pensam de mim e de estarem me observando, como se minha mente se abrisse de forma que me fizesse escutar e perceber tudo e todos que estão ao redor.
Se tiver uma pessoa falando de mim eu vou perceber e sem explicação alguma pode me faltar ar e eu ter uma crise de ansiedade, ter vontade de ir embora, e ai eu preciso sentir na pele ar frio pra me acalmar. Eu não gosto de ser observado e de saber que tem alguém me analisando, o que é curioso e um pouco egoísta da minha parte já que eu observo e analiso a todos ao meu redor.
Eu gosto de brincar, de manipular e de testar as pessoas o tempo todo, me fazendo de desentendido só pra analisar as reações, mas eu nao gosto que façam isso comigo. Eu não quero no entanto ser visto como um extraterrestre.
A pesquisa realizada aponta que muitos membros da Mensa sofrem de bipolaridade e distúrbios obsessivos compulsivos.
Eu sou bipolar e tenho vários distúrbios adicionais. Sou obsessivo com algumas coisas. Quando eu ponho uma meta na cabeça eu não desisto daquilo eu vou ate as ultimas consequências. É mais do que uma mera perseverança, é sim obsessivo.
Sempre fui assim desde muito novo. Quando percebi que eu não era normal em relação aos demais muita coisa passou a fazer sentido. Até uma certa idade eu achava que todos eram iguais em capacidade, percepção e inteligência.
Eu me percebi ‘o diferente’, por causa dos meus amigos, que diziam que eu não era normal, mas “anormal” era o meu alto grau de inteligência.
Eu era visto como uma pessoa “fora da casinha”, as pessoas diziam que eu não era normal devido aos meus comportamentos, que na opinião deles eram diferentes da normalidade. E isso sim, se deve ao meu alto grau de inteligência.
Por isso é tão importante que os pais façam o teste de QI em seus filhos, essa atitude simples, contribui para que a criança possa entender a si mesma e acolher a sua diferença, mesmo diante de tantos transtornos que a inteligência possa vir a causar dentro dela.
*DA REDAÇÃO RH. Texto de Fabiano de Abreu Rodrigues, PhD, neurocientista, neuropsicólogo, biólogo, historiador, jornalista, psicanalista com pós em antropologia e formação avançada em nutrição clínica. PhD e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida e tem o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC. Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814; Membro da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488; Membro da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT 30079; Contato: deabreu.fabiano@gmail.com
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