Poderia dizer que é uma forma de morte, a terrível sensação de se ver sentado à janela da própria existência, vendo sua vida passar, isso resume para mim, um dos significados mais latentes de infelicidade.
“Ninguém sabe o que espera pelos mortos”.
Ouvi essa frase assistindo a um filme, em sua versão legendada, era uma música, e chamou a minha atenção. Dei razão e pensei: de fato, por mais que alguém tenha estudado o assunto e conhecido alguém que morreu, nesta vida, jamais será capaz de afirmar, com total certeza, o que espera por nós após a morte… Ninguém voltou de lá para contar como foi.
Comecei então a pensar sobre o objetivo da vida. Muitas podem ser as respostas disponíveis para essa pergunta. Presumo que grande parte das pessoas responderia assim, como eu também respondi um dia: “Ser feliz! O objetivo da vida é ser feliz”.
Talvez a resposta não seja assim tão simples. Essa é uma questão profunda e, de certa forma, quase polêmica.
Se ainda não temos como saber o que espera pelos mortos vou falar então sobre o conhecemos até aqui: A VIDA.
Nessa vida tão frenética, ansiosa e agitada que vivemos. Tenho a impressão de que, atualmente, o tempo passa rápido demais até mesmo para as crianças.
Quando eu era criança, não era assim.
O tempo passava bem devagar. De um Natal a outro era uma eternidade por ano.
Mesmo assim, diante de toda essa velocidade, vivemos como se FÔSSEMOS IMORTAIS.
Por isso mesmo, para alguns, o diagnóstico de algumas doenças graves ainda soa como uma sentença de morte. Tais diagnósticos trazem à tona algo que fazemos questão de esquecer. O fato de que MORREREMOS.
E assim a vida segue. Dia após dia. Nem todos os dias são felizes. Não conheço ninguém que afirme que todos os seus dias são felizes.
E se formos considerar a máxima de que o objetivo da vida é ser feliz, nos dias infelizes, não atingimos o objetivo da vida?
E se a tristeza for tamanha, que os dias felizes forem raros.
Por quê continuar vivendo, se o objetivo da vida não está sendo atingido?
Deveríamos então morrer de infelicidade?
A pena de morte deveria ser aplicada a quem se reconhece infeliz?
Não é bem assim.
Não se constrói uma vida boa unicamente a partir de dias felizes. Os dias tristes e infelizes fazem parte da jornada.
Digo mesmo que são necessários para que uma vida seja, de fato, boa.
Partindo desse pressuposto, entendo que o objetivo da vida não é “apenas” ser feliz. O objetivo da vida é outro.
É viver tudo o que há para viver. Com todas as situações que a vida nos reserva. Sejam elas boas ou ruins.
Viver. Estar vivo. Estar presente para a realidade. Viver no tempo presente. Experimentar o estar vivo. Aproveitar as experiências que a vida oferece. Nem todas são boas. Mas todas são vivas.
As boas viram memórias. Ficam gravadas na alma e no coração. Podem ser revisitadas a qualquer tempo, em qualquer lugar. E as ruins? Devem ser “deletadas”? Não. A vida não seria boa sem elas.
São lições que aprendemos. Nos fazem melhores. Não precisam ser relembradas.
Uma lição não precisa ser revistada depois que dominamos o assunto. Porém, até dominar o assunto, ele deverá ser treinado.
Unicamente através da memória? Possivelmente não.
Terá que ser através da vivência de várias experiências e da observação da vida. Não somente da própria vida. Também do que outras pessoas passaram e viveram.
Será que o objetivo da vida está sendo atingido? Será que vivemos? Ou apenas sobrevivemos?
Em meio a correria, passam minutos, horas, dias, meses e anos. E assim a vida segue. Será que ela segue? Ou apenas prossegue?
A terrível sensação de se ver sentado à janela da própria existência, vendo sua vida passar, resume, para mim, um dos significados mais latentes de infelicidade. Poderia dizer que é uma forma de morte.
E a morte? Bem, ela só assusta quem ainda não viveu! Então não perca seu tempo com coisas pequenas, apenas, viva!
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