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A sinestesia dos relacionamentos: amor sem comunicação é ilusão

Já bem dizia Chacrinha, o Rei da comunicação que “quem não se comunica se trumbica”. E essa, com certeza, é uma verdade universal.

Você provavelmente conhece um casal “difícil”. Deixe-me explicar a conotação do termo “difícil” nos casos onde há amor: é o que amor, sozinho, não garante uma boa relação. É preciso mais alguns ingredientes para o amor crescer e dar liga, como o respeito, a amizade, o bom humor, a capacidade de adaptação, a capacidade individual de ser feliz e a comunicação adequada.

Você pode me dizer que o amor fala a linguagem universal e eu concordo. Mas ser fluente não adianta nada, se não houver eloquência, se não houver o uso correto das palavras em um contexto.

Pense que você é poliglota e vai para uma entrevista de emprego e começa a suar muito, gagueja, troca palavras e escorrega na concordância verbal. Que tragédia! Saber as palavras não é a mesma coisa que saber USÁ-LAS!

E se nos idiomas e em uma conversação com um amigo ou entrevista de emprego, expressar corretamente o que se quer dizer já pode ser complicado, imagina em uma relação afetiva. Esse quesito pode realmente se tornar um problema para muitos casais.

Porque além de saber empregar as palavras adequadas nos momentos adequados, ainda temos que controlá-las nos momentos de raiva, de repeti-las para se fazer compreender e o mais complexo de tudo: Perceber e entender tudo aquilo que não é verbalizado.

Ler nas entrelinhas de um sorriso tímido ou no timbre de uma sonora e irônica gargalhada. Percorrer íris a fim de pistas; esmiuçar suspiros mais profundos. Comunicar-se com o silêncio do outro.

Amar é uma arte. E como toda arte, é sentida e compreendida no coração. A razão não influencia em muita coisa aqui.
E o amor, sem comunicação, deixa de ser amor genuíno e vira uma ilusão. Uma dedução de tudo que deveria ser.

Para se comunicar bem com o parceiro é fundamental sentir a dinâmica do relacionamento e entender a sinestesia do outro e respeitá-la.

E como se descobre a sinestesia do outro? É um exercício de paciência. Como uma partida de xadrez, onde se está em jogo muitas vezes um coração; uma vida toda.

“Eles se amam! Mas não conseguem ficar juntos”. Já escutei muitas vezes essa frase. E acredito que essa inflexibilidade sinestésica é a grande responsável pelo fracasso de relações onde ambos muito se gostam.

Quando só um cede e o outro quer impor seu ritmo e a sua sinestesia pessoal como absoluta, o amor perde a força, porque brigas e discussões constantes enfraquecem qualquer um.

E pior ainda, quando nenhum dos dois quer ceder, o amor vira apenas uma disputa de egos.

E para se compreender a sinestesia do parceiro é necessário silenciar o ego e se doar. Parar de ouvir só para confrontar e passar a ESCUTAR, que é bem diferente. Despir das armaduras, abaixar a guarda.

No amor, declarar-se perdedor, certas vezes, nos dá a vitória.

E o que é essa sinestesia? A sinestesia é a forma como melhor absorvemos o mundo à nossa volta. Existem pessoas que são mais visuais que outras, ou seja, elas transformam em imagem tudo de importante que lhes é dito, a memória delas também funciona a base de imagens e elas são estimuladas mais facilmente com o que vêm. Essas pessoas preferem ler do que ouvir.

Em contrapartida existem pessoas que são auditivas, por consequência, elas se expressam melhor falando e elas precisam de palavras ditas, de conversa, para compreenderem plenamente o que é preciso. E preferem filmes a textos, por exemplo.

E existem ainda os cinestésicos. Com “c” mesmo, que são aquelas pessoas que sentem e aprendem pelos outros sentidos, por exemplo, determinado ruído ou som pode evocar uma imagem particular, um cheiro pode evocar uma certa cor, uma palavra causa uma sensação fisiológica.

Podemos concluir então, que talvez a sinestesia do parceiro seja diferente da nossa e detectar isso é o primeiro passo para mudar a comunicação para garantir a compreensão.

Existem várias formas de demonstrar amor, mas nem todas elas serão do jeito como idealizamos ou necessitamos.

Se o seu parceiro não diz explicitamente “EU AMO VOCÊ!”, mas demonstra amor com outras atitudes, mas a expressão “eu amo você” é muito importante para você, pois é o SEU jeito de expressar o SEU amor, então você precisa entender que a sinestesia dele é diferente da sua e aceitar com o seu coração isso, ou pode explicar para ele que a sua sinestesia é dessa forma e que você precisa ouvir tal expressão para sentir-se amado plenamente.

Um erro que constantemente cometemos é querer que o outro adivinhe o que precisamos e o que estamos sentindo. Mas, trabalhemos com a hipótese que isso não aconteça, opte pelo mais seguro: FALE. Expresse. Bata a real! Português simples e claro. Escreva, se preferir *risos*, ou cante…ou desenhe, mas não deixe de expressar com clareza os seus sentimentos, tantos os bons, quanto os ruins.

Nosso cérebro é programado para deduzir. Porque deduzindo nos evita riscos. Estamos fazendo dedução o tempo todo sem que sequer percebamos. Mas deduzir, quando se trata de relações amorosas, não é uma boa ideia. Ao menos que você seja um profissional PHD em neurolinguística e neurociência!

Mesmo assim, ressalvo, o amor tem lá suas artimanhas… o amor não é para profissionais! Só amadores se dão bem nesse ramo.

Entenda primeiro como você funciona, a sua sinestesia, e então COMUNIQUE ao seu parceiro e com o seu parceiro!

Mágoas perpétuas poderiam facilmente ser evitadas com um diálogo. Mas lembrando que *diálogo* são DUAS pessoas falando e ouvindo e não apenas respondendo e se defendendo!

Bandeira branca!

Bruna Stamato

"Mãe, mulher, geminiana, maluca e uma eterna sonhadora!"

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