A traição conjugal é um tema que abrange muitos contextos da vida de um casal, em que quem trai e quem é traído, marido e mulher, ambos são irremediavelmente afetados. É, inclusivamente, assinalada como uma das principais causas de divórcio e separação em casais. Mas será que a traição conjugal fatalmente determina o fim da relação do casal?
Existem múltiplas razões para a traição conjugal. E um caso de infidelidade pode deitar tudo a perder numa relação duradoura, conduzindo à separação do casal e magoando todos os elementos da família. Mas, o modo como cada casal lida com um ato de infidelidade pode ser diferente e não levar necessariamente ao fatal término da relação.
Diversos estudos indicam que, no geral, após uma traição conjugal, três soluções são possíveis:
1º Final da relação. Como referido, a adoção desta solução conduz à maioria dos divórcios;
2º O caso é ignorado e a relação continua. Aqui importa referir que, nalguns casos, a condição para continuar a relação passa pelo fim do caso de traição. Noutros casos, o caso continua sendo ignorado por quem é traído;
3º O caso de traição é terminado e a relação do casal é reatada. Podemos considerar esta solução como uma segunda oportunidade, um novo começo da relação.
Em qualquer um dos casos, uma traição conjugal afeta, inexoravelmente, o tipo de interação estabelecida entre os dois parceiros.
Implicações para os filhos e para a pessoa com quem é praticada a traição conjugal
Mas o casal não é o único prejudicado nestas situações. Devemos também considerar a pessoa com quem é praticada a infidelidade. E no caso de haver crianças envolvidas, é também importante ter em conta as consequências para os filhos. Em ambos, temos que considerar as implicações sobretudo ao nível das componentes emocional e comportamental.
Como tal, é essencial que, quando se toma uma decisão após um episódio de traição conjugal, todos os intervenientes sejam considerados, especialmente o modo como essa decisão irá afetar o futuro de cada um. As consequências individuais possíveis incluem a negação, desilusão, agressividade, depressão, culpabilidade e baixa autoestima. O que poderá levar, consequentemente, a instabilidade emocional, consumos excessivos (álcool, tabaco e comida) e alteração dos padrões de sono.
O que deve fazer após o episódio de traição conjugal
Ao lidar com uma situação de perda, que representa tomar conhecimento de um episódio de traição conjugal, pode não utilizar as melhores estratégias. Até pode vir a arrepender-se de certos comportamentos.
Como tal, aqui ficam algumas dicas do que deve fazer após esta situação:
– Não se precipite com decisões importantes que poderão afetar o seu futuro. Não tome decisões importantes no momento. Aguarde por uma altura em que tenha mais estabilidade emocional para tomar a decisão;
– Aceite as suas emoções e reconheça as suas vulnerabilidades. Não reprima as suas emoções negativas e lide com elas de modo a ultrapassá-las;
– Converse com o(a) seu (sua) parceiro(a) sobre a traição. Deixe de lado a culpabilidade e tente chegar a um consenso de maneira a decidir qual será o futuro da relação. Mas não entre num jogo de culpabilidade e causas perdidas. Essa informação não será útil para tomarem uma correta decisão em conjunto, nem irá ajudá-los no processo de recuperação emocional;
– Não incorra precocemente noutras relações. Primeiro, salvaguarde as suas próprias emoções. Reconheça as suas vulnerabilidades;
– Quando existem crianças envolvidas, tranquilize-as. Diga-lhes que vai correr tudo bem. Não tente virá-las contra o seu companheiro(a), uma vez que no futuro isso irá contribuir para um estado de confusão e instabilidade das crianças.
– Cuide-se e não tente passar por este momento difícil sozinho(a). Rodeie-se de pessoas que lhe transmitam um apoio positivo e procure ajuda junto de um técnico que possa auxilia-lo(a) na sua organização emocional;
Um psicólogo poderá ajudá-lo(a) a clarificar o melhor caminho, ajudando-o(a) no seu autoconhecimento e auxiliando-o(a) na tomada de uma decisão que vá ao encontro do que espera das suas relações, contribuindo, assim, para uma melhor estabilidade emocional e uma vida mais feliz.
Margarida Rogeiro / Psicóloga e Psicoterapeuta
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