“Abri mão da guarda dos meus filhos e fui criticada. Os homens fazem isso o tempo todo e é normal”, diz mãe.
Conheça a história de Maria, contada pelo The Sun, uma mãe de quatro filhos que, ao separar-se do marido, deixou a custódia das crianças com ele, em uma decisão tomada em conjunto, por ser melhor para todos. “Fiz o que todo mundo espera que os pais divorciados façam, mas ninguém os acusa de abandonar seus filhos, como fizeram comigo”, declara.
A ideia de abrir mão da guarda dos filhos seria impensável para a maioria das mães, mas para essas três mulheres foi uma das melhores decisões que tomaram.
Falando ao Topic no recente documentário The Last Taboo, três mães revelaram o que as levou a se afastarem dos filhos – e o julgamento que receberam por isso.
Maria saiu da casa da família quando se divorciou do marido após a morte da filha. Ela conta que estava desesperada para ser a esposa e mãe perfeita, mas não estava preparada para o inimaginável.
Ela diz: “Eu tentei muito me encaixar e me adaptar para ser a pessoa que eu deveria ser como mãe. Mas também senti ao mesmo tempo que havia uma outra parte de mim que ainda não tinha expressão. Senti como se houvesse outra vida pulsando sob a superfície da minha pele.”
A família entrou em crise quando Hannah, filha de Maria, de três anos, foi diagnosticada com câncer. Apenas um ano depois ela faleceu, levando Maria ao limite.
“A morte de Hannah foi o momento em que minha vida girou”, diz ela. “Naquela dor profunda eu nem tive espaço para pensar em outra pessoa.”
O casamento de Maria chegou ao fim e ela tomou a difícil decisão de sair da casa da família.
Ela relembra:
“Naquela primeira noite, quando saí de carro da casa de nossa família, foi extremamente doloroso, ao mesmo tempo que outra parte de mim sentiu uma incrível sensação de alívio e possibilidade.
Definitivamente me senti julgada como mãe – disseram-me que eu deveria ter sido esterilizada e não ter permissão para ter filhos”.
Maria conta que sentia que ser mãe não era para ela:
“Essencialmente, pela primeira vez na minha vida, me deu a oportunidade de descobrir quem eu era como pessoa, sem ser definido pelo meu casamento ou pelos filhos.
“É tão perturbador para outras pessoas que eu tomei a decisão que tomei.
“(Mas) às vezes é melhor para os filhos e para a família que a mãe decida se mudar”
Maria com as duas filhas (Foto: Reprodução/ The Sun)
“A morte de nossa filha, Hannah, foi um momento crucial para mim. Sempre acreditei que se você fosse uma boa pessoa, coisas ruins não aconteceriam, mas, quando Hannah morreu, isso me forçou a fazer perguntas que eu nunca havia considerado antes sobre o rumo da minha vida”, contou ela, em entrevista ao The Sun.
“Inicialmente, o luto era um processo que consumia tudo, mas acabou me levando a uma direção mais realista da minha própria vida”.
A relação de Maria com o marido, Claude, não resistiu à tragédia e foi se arruinando aos poucos, até chegar ao fim em 1998. Como dona de casa, Maria não sabia como sustentar as crianças dali em diante.
“Eu fui mãe e dona de casa por 11 anos. Eu não tinha ideia de como eu iria me sustentar e muito menos sustentar meus filhos como mãe solo. Na verdade, foi meu marido que sugeriu o acordo que acabamos fazendo. Ele tinha um emprego e renda estáveis e sugeriu que ele assumisse a custódia principal”, lembra ela, que, no início, ficou horrorizada com a ideia.
A mulher disse que ao falar sobre o assunto com sua família e seu advogado, todos ficaram horrorizados e disseram que Claude estava fazendo isso porque queria tirar os filhos dela. “Eu pirei, inicialmente”, lembra.
No entanto, depois de muito refletir, ela começou a se perguntar se, de repente, não seria uma solução viável.
“Uma noite, eu me levantei na cama e me perguntei do que eu tinha medo. A resposta foi: eu tinha medo do que as outras pessoas pensariam. Então, dei um passo para trás e percebi que, se isso era o melhor e o certo a fazer para a nossa família, era isso que iríamos fazer. Minha reação inicial foi ficar horrorizada – que tipo de mãe faria isso, certo? Acontece que eu era esse tipo de mãe”, diz.
Até o filho mais velho do casal concordou com a ideia. “Quando nos divorciamos, meu filho tinha 11 anos e já tinha idade suficiente para participar da decisão e optou por ficar com o pai”, recorda Maria.
A família combinou que as três crianças morariam com o pai e visitariam a mãe a cada dois finais de semana. Os pequenos também passariam todo o verão com ela. Dessa forma, ela conseguiu investir em sua carreira de escritora.
“Não é uma decisão que eu recomendaria”, diz ela. “Foi mais doloroso do que eu originalmente me preparei”, relata.
Sob a mira dos julgamentos
Se as pessoas encontram qualquer motivo para julgar as mães, imagine o que fariam com uma mãe que abriu mão da guarda dos filhos?
Maria foi bombardeada pelas críticas.
“A parte mais dolorosa da experiência para nossos filhos foi a reação que veio de outros pais, que estavam julgando a situação pelo ponto de vista deles”, explica.
“Nunca esperei que todos concordassem com a decisão, mas não esperava a reação extrema. Fiz o que as pessoas esperam que todo pai divorciado faça e eles não são acusados de abandonar seus filhos por isso. Estamos dizendo que nunca é bom que o pai seja o cuidador principal porque essa é a nossa reação instintiva?”, questiona.
“Se meu nome fosse Mark, em vez de Maria, não estaríamos tendo essa conversa”, pontua ela.
Sem arrependimentos
Apesar de todas as dificuldades, das críticas e dos olhares tortos, Maria diz que hoje, aos 59 anos não se arrependeu. “Não tenho dúvidas de que esta foi a melhor decisão para nós e nossa família”, diz ela.
Maria diz que seu relacionamento com seus filhos não poderia ser melhor. Hoje, ela é avó de duas netas.
“Adorei ser mãe por toda a minha vida e agora sou avó, o que me faz sentir ainda mais rica. É simplesmente a melhor coisa que já fiz.
É uma das razões pelas quais eu acho que minha história é tão interessante para as pessoas, porque existem diferentes maneiras de viver nossos sonhos”, completa.
*DA REDAÇÃO RH. Com infomrações The Sun.
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