E a gente sobrevive, sim. E a gente segue, mesmo faltando pedaços, a gente continua, cada vez mais gente de verdade.
Sabe quando a gente acha que não pode piorar? Pode, sim.
Sabe quando a gente acha que não vai aguentar? Vai, sim.
Sabe quando a gente acha que o sofrimento nunca acabará? Acaba, sim.
Leve o tempo que for, a tempestade há de passar.
Tem coisa que acontece e divide nossas vidas em antes e depois.
É como morrer com uma segunda chance para respirar na mesma vida.
A gente enterra o que existia, pois nada mais será igual.
A gente como que desaparece, vive o luto, reabastece a fé e a esperança e renasce.
A gente cria coragem e tira forças sei lá de onde, porque a vida quer isso da gente.
Qualquer incidente inesperado assusta, tira o chão, faz a gente voltar a ter aquela insegurança de quando éramos crianças assustadas ao apagarem a luz.
Faz a gente olhar tudo como se nada fosse do tamanho da gente: as coisas lá de fora se tornam gigantes, amedrontadoras. E a gente fica pequenininho, coração sufocando no peito, enxergando somente desesperança.
Ah, esses de repentes.
De repente, o telefone toca pra desarmar o nosso coração.
De repente, aquilo que tanto se evita vem e entra, chacoalhando tudo.
De repente, alguém para de respirar bem do seu lado. De repente, a luz acaba, o sol se vai, o céu escurece.
De repente, toca aquela música que você ama e tinha esquecido.
De repente, a gente recebe luz de quem menos espera e o dia surge no dia seguinte, novinho em folha. A gente volta a respirar sem pressão no peito, de repente.
Os “de repentes” é que mais ensinam, porque dificilmente aprendemos com aquilo a que nos acostumamos. E tudo vai dando errado e certo e errado e certo de novo, de repente.
E, de repente, a gente volta a sorrir e a chorar e a sorrir de novo. Porque nada além do amor verdadeiro consegue ser pra sempre.
Acredite: a gente sobrevive. A gente cai, levanta, toma rasteira, levanta, leva porrada e levanta de novo.
Fomos feitos para durar, porque existe sempre uma luz dentro de nós. Essa luz se chama fé e seu combustível é o amor.
E a gente sobrevive, sim. E a gente segue, mesmo faltando pedaços, a gente continua, cada vez mais gente de verdade.
A gente continua, cada vez mais forte, para conseguir sair das escuridões no tempo certo, no tempo exato de cada dor e de cada alegria que nos define a existência nesse mundo perigoso e lindo de viver.
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