Depressão é considerada uma das principais doenças enfrentadas pelas mulheres.
As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de trabalho, mesmo tendo que enfrentar uma segunda jornada em casa, onde cuidam dos afazeres domésticos e da educação dos filhos. Diante de tantos compromissos e, consequentemente, do acúmulo de funções, muitas mulheres acabam desenvolvendo sérios distúrbios mentais, segundo alerta a psicóloga da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Nilsa Omena.
Esses problemas são confirmados por meio de pesquisas que apontam uma realidade preocupante: as mulheres são mais propensas a sofrer de ansiedade e a apresentar queixas somáticas. Essas queixas são caracterizadas por sintomas físicos que não podem ser explicados por questões orgânicas, mas, de cunho psicológico, ainda de acordo com análise da psicóloga da Sesau.
“A depressão é o problema de saúde mental mais comum entre as mulheres. Ele é responsável pela principal causa de morte entre àquelas com menos de sessenta anos”, destaca Nilsa Omena. Ela ressalta, ainda, que esta patologia está atrelada ao acúmulo de funções na sociedade moderna, que acaba sobrecarregando a mulher.
“É necessário que a mulher busque o equilíbrio emocional, que busque ajuda profissional. As questões emocionais, quando não resolvidas, podem levar ao adoecimento mental, que compromete a vida profissional, familiar e amorosa”, alerta a psicóloga da Sesau.
Tratamento – O apoio profissional, ainda de acordo com Nilsa Omena, é fundamental para evitar que esses problemas psicológicos se agravem, levando a mulher doente a desistir de viver. A psicologia evidencia que, mesmo diante do estigma social que está atrelado aos problemas de cunho emocional, as mulheres não devem se intimidar em procurar um psicólogo e/ou psiquiatra.
“As doenças de cunho mental devem ser encaradas e tratadas. Elas não podem ser negligenciadas em hipótese alguma. Afetam o comportamento e podem causar sérios prejuízos à mulher, seja no trabalho, em casa ou entre os amigos” reforça a psicóloga.
Constatação – A professora Maria Edivanir Portela, 46 anos, que preferiu não ter sua foto divulgada, relata que, devido ao acúmulo de trabalho nas escolas onde atua e, em sua residência, acabou desenvolvendo uma depressão. Divorciada, ela sempre arcou com todas as despesas de casa e se esforçou para ocupar a lacuna do pai de seu filho, que nunca a ajudou financeiramente e também não esteve presente no cotidiano da criança.
“Após a separação sempre me senti culpada, porque meu filho é muito ligado ao pai. Mas como ele sempre foi negligente, tentei suprir a lacuna deixada por ele. Trabalho em dois locais e o tempo que dedico a meu filho é pouco. Por isso, entrei em parafuso e comecei a me deprimir, achando que não conseguia dar conta da minha casa e do meu filho”, relata Mara Edivanir Portela, que está em tratamento com um psiquiatra.
A professora relata que relutou para iniciar o tratamento, por acreditar que não necessitava de assistência médica. “Só fui procurar um médico quando a situação complicou. Sempre fui muito ansiosa e de temperamento forte, o que acabou também comprometendo minhas relações no trabalho e com os amigos, porque sempre dormia tarde para cuidar da casa, já que passava o dia todo nas escolas onde leciono”, relata.
Recomendação – E assim como Maria Edivanir Portela, muitas mulheres têm resistência a procurar assistência psiquiátrica. Por isso, a psicóloga da Sesau recomenda que, para as mulheres que têm resistência em procurar ajuda psicológica, é necessário que os familiares, amigos e colegas as sensibilizem. “Em uma sociedade que ainda lida com questões ligadas ao machismo e em que a mulher está em luta para conseguir seus espaços reconhecidos, é vital que questões emocionais sejam levadas a sério sem preconceitos”, reforça.
A assistência psiquiátrica e/ou psicológica pública pode ser encontrada nas unidades de saúde da rede de atenção básica, cuja atribuição é dos municípios. As mulheres que precisam de ajuda devem procurar os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
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