Vida feliz não significa vida sem desafios, sem problemas, sem tristezas ou mesmo dissabores; na realidade, a vida é o encontro de tudo isto.
Diferentemente dos outros animais, que possuem determinação genética que orientam seus comportamentos instintivos de acordo com a necessidade do grupo, objetivando a sobrevivência da espécie, nós, seres humanos, temos a capacidade de escolha e livre arbítrio. Isto se explica pelo fato de não possuirmos uma natureza humana pronta. O ser humano é um projeto que somente ele mesmo é capaz de definir.
Sendo assim, felizmente não temos todas as respostas dadas para os vários aspectos que norteiam a vida e isto nos gera angústia. Para amenizarmos esta angústia, precisamos dar sentido e significado às nossas experiências, criando valores e normas, no intuito de construirmos dentro desta possibilidade de escolha a vida que desejamos para nós.
Acredito que um dos fatores que geram a temida infelicidade é a alienação do homem diante do aspecto social. Embora o ser humano precise (con)viver dentro de uma coletividade para existir, este ainda não internalizou na íntegra os aspectos relevantes do que de fato possibilitaria uma vida social em seu sentido mais amplo e profundo.
Podemos observar esta perspectiva através do individualismo, do preconceito e dos conflitos de todos os vieses, bem como de todos os subprodutos que o egoísmo e o ego exacerbado podem gestar, nos distanciando da concretização do nosso desejo mais profundo e que buscamos constantemente: a felicidade. Isto porque a felicidade não é individualista, é coletiva. Possuímos um conceito de felicidade equivocado, pois nos constituímos no coletivo, nos consolidando nele, visto que estamos todos interligados.
Outro aspecto importante que impede nossa felicidade, é que geralmente a postergamos para um futuro, para quando existir condições específicas que garantam esta perspectiva imagética. Mas, quais seriam exatamente estas condições específicas? Seria ilusão pensarmos que a felicidade está atrelada ao condicional “se”. Caso não sejamos felizes no aqui e agora, com os recursos que dispomos e aprendendo a administrar todas as nuances que são próprias da vida, o presente se transforma em vazio existencial e estado de espera de um porvir que é uma miragem.
Deste modo, vida feliz não significa vida sem desafios, sem problemas, sem tristezas ou mesmo dissabores; na realidade, a vida é o encontro de tudo isto. A verdadeira felicidade deve se alicerçada em uma filosofia de vida que nos sustente diante de qualquer circunstância, pois ser feliz é saborear cada momento sem perdermos a perspectiva nos aspectos “positivos” da vida, no “lado bom” das experiências, sendo sobretudo esta disposição uma escolha e posicionamento interno personalizado.
O importante disto tudo é que nossa felicidade nunca dependa de algo externo, pois se assim o for, esta terá um prazo de validade, pois tudo se desbota, as coisas se esvaem e escorrem entre os dedos.
Para refletir:
Nascemos em um contexto sociopolítico e econômico já pronto, onde internalizamos estes mesmos valores, inclusive a questão do próprio conceito e vivência de felicidade. O problema de tudo isto é que este modelo que nos foi oferecido e internalizado não deu conta da sua proposta. Na realidade, quanto mais buscarmos a felicidade em circunstâncias externas, mais nos distanciaremos dela. Mas enquanto isto, vamos nos distraindo nos prazeres imediatos e nas conquistas efêmeras, nem que isto seja somente um meio de acalentarmos o nosso ego diante de tanto caos.
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