Não existe amante incrédulo. Ter alguém na vida é puro ato de fé. Não tem nada a ver com religião. Amar é acreditar na vida.
No começo pensamos: E se, ela, sinceramente, não gostar de Chet Baker? E se disser que comida japonesa é ruim demais? E se cair naquela velha enrascada de odiar gente que pensa diferente? E se ela dormir no meio dos filmes do Woody Allen alegando que são chatos demais? E se os pais dela forem esquistos? E se ela não acreditar em família, em filhos ou em amor simples?
Não importa, no momento que nos pegamos no flagra diante de amar, até mesmo os mais sossegados e que se dizem independentes e bem resolvidos acabam fazendo diversas perguntas que abalam sua paz. Amar alguém é viver o perigo iminente do desapontamento, mas manter a euforia de ter algo novo na vida. É ser um equilibrista em fio dental.
Sempre pensei muito sobre como eu gostaria de viver a vida com alguém, constantemente me lembro que essa coisa de estar com alguém não pode ser simplesmente um passatempo enquanto a vida acontece. Não, para mim, amar é sempre aprender a olhar para o outro como parte integrante e essencial da nossa vida. Se estar com alguém for apenas mais uma tarefa, um ciclo, um passatempo, uma etapa, um hobby, uma conveniência da vida, a gente deixa de ganhar.
No entanto, entendo que haverá muitos momentos em que não teremos absolutamente nenhum controle sobre como isso vai funcionar, e se vai dar sempre certo o que estamos fazendo. Não teremos certeza para onde estamos indo ou até mesmo se isso nos fará bem ou mal algum dia. Apenas vamos.
Não me iludo. Já sei que vamos descobrir defeitos graves um no outro, alguns até considerados insuportáveis, mas também vamos aprender a admirar coisas pequenas, como uma mania boba de sorrir por qualquer piada, ou o jeito que o outro fala. Sei lá.
Sei que uma hora a novidade da paixão vai acabar indo embora, mas que descobriremos novas coisas que podemos aprender juntos. Determinado momento vamos tomar decisões erradas um com o outro, mas, vamos fazer questão de lembrar que pode ter sido na intenção de acertar. Os desentendimentos, as pequenas discussões, as discordâncias vão aparecer e vamos ter que aprender a respeitar o espaço individual do outro, a ignorar certos comentários de amigos e parentes e focar naquilo que diz respeito à nossa felicidade.
Teremos que estar sempre alerta para desconsiderar falas injustas feitas de cabeça quente. Cairemos no erro de não ter vontade de ligar, de mandar mensagem, de passar na casa um do outro e depois se arrepender de não ter conversado antes e ter poupado a gente de desgastes emocionais desnecessários.
Sei que vamos tomar algumas decisões bastante ousadas, que parecerão o maior desafio da nossa vida, que teremos uma constante insegurança sobre o futuro, mas também vamos receber muitas coisas da vida que nunca pensávamos que teríamos um dia. É o risco.
Vamos passar por muitas coisas juntos, boas, médias e ruins, mas não devo perder este orgulho de andar ao seu lado como quem anda com a mulher mais importante do mundo. Desejo que sejamos realmente preocupados com a felicidade do outro, que eu possa curar seus dias complicados, que possa ser sempre educado, ser seu melhor amigo de porre, seu confidente preferido, seu lugar para desabafar.
Quero que saibamos de verdade que é muito melhor ser gentil do que querer estar certo sempre, que escolhamos a linguagem menos ofensiva quando precisamos falar sobre coisas sérias, que sejamos sempre verdadeiros e sinceros em tudo desde que não atinja a sensibilidade do outro. Que sejamos minimamente empáticos.
Desejo que pensemos sempre melhor antes de sair trocando acusações, que nunca percamos o respeito com palavras agressivas, que possamos sempre contar um com o outro de verdade, que não tenhamos a obrigação de parecer nada além do que somos.
Amar é coisa de louco. Tudo bem que sobrem perguntas agora, eu não quero respostas para todas, eu apenas quero um amor que nos faça bem. Não quero que sejamos um romance de filme premiado, apenas que sejamos o melhor da gente para o outro. De verdade.
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