Antes da gente querer amar alguém, a gente tem que – urgentemente – aprender a se amar.
O primeiro amor é o próprio, ninguém vai preencher essa lacuna por você.
Não quero escrever sobre amor. Quero escrever sobre verdade.
Meus óculos com lentes cor-de-rosa quebraram. Não me lembro bem quando foi, mas mesmo quebrado eu fiz questão de guardar, talvez pela ideia de consertar. Nunca fiz isso e nem pretendo. É a típica peça que a gente até usa por estar na moda, mas se arrepende depois de ver as fotos antigas.
Esses óculos foram bem úteis para fugir da realidade e olhar para uma relação como porto seguro.
Tenho a vaga lembrança de tê-los usado com mais frequência em um namoro abusivo, recheado de inseguranças. Usar esses óculos fazia sentido, já que o incômodo era constante.
Os óculos eram o começo para o fundo do poço. Eu não me reconhecia, meus amigos também não. Por um longo período, busquei identidade e esbarrei em rejeição. Não me tornei uma pessoa mais dura por causa disso, pelo contrário, tornei-me muito mais humana.
Tão humana que eu não quero mais escrever sobre amor. Não sobre esse amor que tanto pintam e nada vivem.
Antes da gente querer amar alguém, a gente tem que – urgentemente – aprender a se amar.
Precisamos ser completos, para transbordar. O amor não pode fazer as vezes de muleta, nem pode se perder em proibições, também não pode ser inseguro ou repleto de migalhas.
“Ame ao próximo como a ti mesmo”.
O ensinamento de Jesus não fala sobre o outro, fala sobre nós. O quanto nós nos amamos de verdade? Quantas e quantas vezes anulamos o nosso amor pelo outro? A nossa vontade pelo outro? O nosso jeito pelo outro? Será mesmo que isso é amor?
Eu não quero escrever sobre amor. Eu quero – e preciso – escrever para tirarmos os óculos e olharmos para dentro. Se falta alguma coisa, ainda não é amor. E não vai ser amor procurado no outro. O primeiro amor é o próprio, ninguém vai preencher essa lacuna por você.
Eu não quero escrever sobre o amor que vem do outro. Eu quero – e preciso – escrever sobre o quanto você se sabota por confundir amor-próprio com liberdade.
O amor-próprio nos liberta para sermos mais conscientes dos nossos atos, mas isso não faz de nós pessoas livres como imaginamos.
Eu não quero escrever sobre amor porque na maior parte do tempo é cilada e nós sabemos disso.
Enquanto não estivermos conscientes que uma boa parte das nossas relações é construída na carência afetiva, insegurança e projeção, não podemos falar sobre o que é amor transbordando. Não podemos amar o próximo como amamos a nós mesmos.
Antes de voltar a escrever sobre amor, eu quero escrever sobre cura. Eu quero escrever sobre olhar para o próprio umbigo. Eu quero escrever sobre a empatia para olhar para o lado. Eu quero escrever sobre compaixão. Eu quero tirar esses óculos e mostrar a realidade.
Realidade essa que, por estar perto demais se mostra embaçada, por estar longe demais faz as vezes de um borrão.
Não quero escrever sobre amor. Quero escrever sobre verdade.
Todo Comportamento Reflete uma Condição: Saber Distinguir Pode Oferecer Soluções para a Remodelação Pessoal A…
Exposição de Crianças Superdotadas nas redes sociais é excessivamente superior no Brasil do que em…
Halloween: Como o nosso cérebro interpreta o medo? Os sustos e o medo são processos…
Dia do Professor: Profissional que criou método inovador explica o que deve ser transformado na…
Baixa motivação diurna: como metas diárias podem ser a chave para regular o humor e…
A Complexa Relação entre Psicopatia e Inteligência: Reflexões a partir da Neurociência e da Ficção…