Ele(a) é apaixonado(a) por você. Te cobre de mimos, cuida de você e além de ser bonito(a) é uma criatura excepcionalmente especial. O príncipe (ou a princesa) que você e seus pais pediram aos céus antes de nascer. Perfeito(a)!

Mas seus olhos brilham, seu coração dispara, pernas bambas e boca seca mesmo, quando se depara com uma criatura que vai ao contrário de tudo que você buscou em sua vida. Ao contrário daquela linda pessoa que se mostra realmente apaixonada por você. Um tipo cachorrão, um tipo mulher periguete e barraqueira, que não te dá atenção e que só te faz sofrer. Mas que quando te olha, faz seu mundo desabar. Mas que quando te toca, libera larvas vulcânicas dentro de você…

Taí! Você tem tudo o que poderia te fazer feliz e você busca aquilo que, com certeza, te acarretará montanhas e mais montanhas de sofrimento…

PORQUÊ ISSO, MEU DEUS????

Seria idiotice???!!!

O que tenho na cabeça?

Acho que precisamos até de um tempo pra pensar…

É óbvio que somos atraídos naturalmente pelo proibido, pelo fora dos padrões pré-estabelecidos (por quem?), por tudo aquilo que seja diferente e que nos excite consideravelmente.

Na verdade, somos um bando de insatisfeitos!

Queremos o muito e quando alcançamos o muito, optamos pelo nada! Não é uma coisa de doido? Difícil demais e quase impossível de se entender a cabeça humana. A única coisa que sabemos é que queremos.

Queremos aquele carro, aquele homem que até então parece perfeito, aquela mulher desejada pela maioria e que meus pais aprovaram. E quando alcançamos?

Queremos logo outro brinquedo. E mais outro e mais outro até nos enfararmos da vida e percebermos que tudo está um saco e que somos infelizes.

Certa vez, eu assisti a uma palestra de um conhecido, e ele comentava justamente sobre isso. Sobre o desejo. Essa coisinha que te acompanha uma vida inteira desde tenra idade e que povoa seus sonhos e te agoniza. Ele mesmo. O desejo de ter, possuir. Ele conta que se alguém idealiza algo que esteja ao longe dentro de uma caixa de presente, ele corre uma vida inteira até alcançar aquela caixa. Deixa praticamente de viver, de amar, de conviver, para possuir seu alvo de desejo. Até que um dia, enfim, ele alcança a tão sonhada caixa e fica feliz por ter conseguido. Dentro dela tinha o objeto dos seus sonhos!! Mágico. Perfeito. Passado algum tempo, outra caixa se aponta no horizonte e ele corre até ela. Seu alvo mudou. Sua busca não parou. Sua busca jamais pára.

E assim, somos nós com nossa vida. Nada nunca é suficiente. Nem nós somos suficientes para nós porque queremos nos mudar a todo instante. Nem de nós, gostamos.

Aprender controlar esses desejos? Quem sabe um dia conseguimos. Aprender a escolher e viver feliz com nossas escolhas e satisfeitos, precisa de treino.

O que vale é nunca desistir e perceber bem lá no fundo, se esses desejos não passam somente de um mimo desnecessário. Não somos mais crianças e por mais que isso seja duro de ouvir e encarar, uma hora teremos de crescer, né pessoas?








Escritora, blogueira, amante da natureza, animais, boa música, pessoas e boas conversas. Foi morar no interior para vasculhar o seu próprio interior. Gosta de artes, da beleza que há em tudo e de palavras, assim como da forma que são usadas. Escreve por vocação, por amor e por prazer. Publicou de forma independente dois livros: “Do quê é feito o amor?” contos e crônicas e o mais espiritualizado “O Eterno que Há” descrevendo o quão próximos estão a dor e o amor. Atualmente possui um sebo e livraria na cidade onde escolheu viver por não aguentar ficar longe dos livros, assim como é colunista de assuntos comportamentais em prestigiados sites por não controlar sua paixão por escrever e por querer, de alguma forma, estar mais perto das pessoas e de seus dilemas pessoais. Em 2017 lançará seu terceiro livro “Apaixonada aos 40” que promete sacudir a vida das mulheres.