O que mais me assusta e o que mais me fascina nela é essa capacidade de sentir, se entregar, se liquidar de tantos sentimentos, depois se tornar cinzas, quase morrer e conseguir renascer querendo amar de novo. Querendo amar de novo, ressalto.
Ela é do tipo que não sente, transborda; não sofre, dilacera. Eu já a vi sangrar por causa de um amor não correspondido. Sim, ela quase morreu e ficou uns bons dias fora de si. Fez da cama a sua morada e das lágrimas, a sua companhia. Nós, os amigos, apenas pensávamos: “Chama a polícia, chama o Samu”. E realmente chamamos, mas ela os expulsou com belíssimos xingamentos, nos colocou para correr e se entregou à solidão. Achei que nunca mais a veria porque eu sei que um amor fracassado pode destruir vidas.
Ela esteve a um passo da loucura e eu realmente achei que ela não iria se recuperar tão cedo. Até os olhos dela estavam desnorteados. Ela mergulhou na emoção e perdeu a razão. Eu olhava pra ela e via ali uma mulher que se tornara menina porque perdeu o seu brinquedo favorito para a garota boazinha. Ficou fora de si, longe de mim. Perdeu o controle da situação, depois se encheu de raiva e foi parar na delegacia reivindicando o coração que lhe roubaram e partiram.
Mas passado alguns dias lá estava ela, um pouco mais triste mas muito mais forte e querendo amar de novo. E cada vez que sentia, se entregava à situação como se precisasse daquilo como o ar que tragava. E aquele cara seria o último, seria o primeiro que ela amava tanto, e eu não tenho dúvidas de que ele seria o único daqui até a eternidade. Somente ele existia para ela, os do passado agora eram poeira. E ela demorava demonstrar o que sentia mas quando demonstrava era do dia pra noite, em um texto visceral, escrito com lágrimas, sangue e rendição. Uma tempestade.
Através de palavras escritas, ela não deixava dúvidas de que estava se rendendo, entregando seu mundo, seus pensamentos e sua alma ao escolhido. E ela não era vã, nem inconstante. Tudo isso era real. Tudo isso era eterno. Ela almejava o “Pra sempre” com ele nesta vida e na próxima também. Mas se acontecia de não dar certo, lá ia ela visitar o inferno das emoções novamente. E geralmente não dava certo. Não sei se é porque a sua intensidade assustava ou se era simplesmente porque as pessoas temiam ser amadas de forma tão visceral…
Mas aqueles textos ficavam. E eu acredito que aqueles caras eram tão sortudos por recebê-los… E eu duvido que eles receberiam algo semelhante algum dia na vida. Feito pra eles, com o pensamento neles, com a alma pra eles, entregue, de uma forma tão profunda e cortante. Ela marcava suas vidas e eu os invejava. Até eu queria receber um texto assim, disse-lhe uma vez. Mas éramos apenas amigos…
Ela tinha o dom de fazer o seu escolhido se sentir único e etéreo, eterno na vida dela. Mas quando ela sentia que aquilo não era correspondido, ela pegava a sua mala e ia embora. Com uma chuva em seu peito , com tristeza no olhar mas com o rosto em pé. Ia a procura de amar de novo um dia. Ela não deixava de acreditar. Porque ela era visceral. Era essa a sua sentença. Era essa a sua salvação. A sua intensidade era o seu combustível.
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