As mentes calmas são mentes centradas e, acima de tudo, disciplinadas. Nesses tempos em que o que manda é o imediatismo e a multitarefa, é um verdadeiro privilégio poder alcançar esse equilíbrio interno no qual pensamentos, emoções e comportamentos estão em completa sintonia e centrados no que realmente importa.
Shiba Yoshimasa, general japonês do século XIV, já dizia que a qualidade mais importante de todo guerreiro ou samurai é acalmar a mente para poder entender o rival que vai enfrentar.
Esse tipo de ideia nunca deixa de nos inspirar, mas se há algo que a maioria de nós sabe, é que não é nada fácil treinar a mente nessa disciplina na qual quem manda é a regulação emocional, a capacidade de reflexão e a serenidade interna.
Não faltam os bons conselhos, os livros que nos ensinam a treinar nossa atenção e, é claro, disciplinas como o mindfulness que fazem da meditação uma estratégia ideal para educar as mentes nervosas.
No entanto, nem todo mundo se ajusta a essas abordagens. E se isso é assim, deve-se basicamente ao fato de que nossos padrões de pensamento não mudam tão facilmente. Não é simples frear uma mente tão acostumada a funcionar mais rápido do que a própria vida.
No entanto, com o tempo e buscando a estratégia que mais de adeque a nossas particularidades, podemos obter uma mente mais relaxada e, então, permitir que nossa realidade seja reorientada em direção ao bem-estar…
“Uma mente calma traz força interior e confiança em si mesmo, por isso é muito importante para a boa saúde”.
-Dalai Lama-
Dentro da filosofia budista, existe um conceito muito interessante: a ‘mente macaco’. Esse termo faz referência a um estado mental inquieto, exaltado e até exasperado que vai de galho em galho na floresta dos pensamentos, que se perde em suas próprias preocupações, que se adere ao ego e não é capaz de ver o que é verdadeiramente importante.
Uma estratégia para que as ‘mentes macaco’ se transformem em mentes calmas é conseguir fazer com que desçam do bosque das preocupações, ficando em terra firme. Somente então, ao estar com os pés no chão, é possível ter um maior controle e perspectiva.
É nesse instante em que a pessoa alcança o equilíbrio e a segurança interior que começa a surgir a criatividade, a reflexão e o controle pessoal que permitem tomar melhores decisões.
Vamos ver, portanto, quais virtudes definem as mentes calmas para entender por que deveríamos trabalhar essa competência.
O doutor Peter Roy-Byrne, chefe de psiquiatria da Universidade de Washington, indica um aspecto importante: os transtornos de ansiedade são mais comuns do que a depressão e, frequentemente, são igualmente incapacitantes.
A ansiedade é aquela incômoda companheira de viagem que vem e vai no nosso dia a dia, uma inimiga que podemos enfrentar ao treinar nossa mente na calma e na atenção plena.
Quando nosso foco mental sabe se concentrar, por fim, no que é mais importante em cada momento, atenuando as emoções negativas e silenciando os pensamentos intrusivos, a calma começa a aparecer.
As ‘mentes macaco’ ou as mentes ansiosas têm uma curiosa habilidade. Tudo aquilo que acontece ao seu redor as afeta e impacta de maneira intensa e inevitável. Não importa a insignificância de um determinado acontecimento. Qualquer coisa vai acabar se ampliando para extinguir o bem-estar.
As mentes calmas, em contrapartida, têm uma virtude excepcional. São capazes de se distanciar, de colocar um filtro de proteção. Ao olhar com mais serenidade o que as envolve, controlam melhor aquilo que chega e lidam melhor com o seu impacto.
Uma mente centrada e relaxada é uma mente que aprendeu a gerir as suas emoções. Assim, longe de silenciar sua ansiedade, de esconder os medos e virar o rosto para as preocupações, a pessoa calma sabe lidar com esses universos internos de forma eficaz.
Ela aprendeu a compreender seus medos, a entender que a ansiedade faz parte da vida, mas, ainda assim, sempre é melhor mantê-la sob controle.
Quando nosso ser interno está preso na rede do estresse e da ansiedade, não agimos diante das coisas, simplesmente reagimos. Somos como uma folha levada pelo vento, que não tem controle de seus movimentos e que acaba sendo atingida aqui e ali. Isso, no entanto, não acontece nas mentes calmas.
Nelas, habita a reflexão. Elas não agem por instinto, olham o mundo com perspectiva e são proativas. Raramente ficam presas nas tempestades porque as veem chegar, porque são corajosas e não hesitam em enfrentar desafios.
As pessoas não são definidas pela nacionalidade, pelo idioma ou pela cultura. São definidas pelas decisões que tomam em cada momento. Assim, um modo excepcional de ter um maior controle e acerto em cada um desses passos é aprender a decidir no interior de uma mente calma.
Nesse local tranquilo reside a confiança, há ordem, há perspectiva e há, por sua vez, a voz da experiência misturada com a intuição. É aí que cada um poderá tomar as decisões que vão orientar o rumo de sua vida com maior acerto.
Para concluir, o psicólogo Daniel Kahneman afirma que, muito além de como nos sentimos em um determinado momento, sempre é necessário agir com calma. No entanto, devemos nos lembrar de que a calma não surge assim, do nada.
Esse estado interno é treinado, favorecido e valorizado ao assumirmos o controle de nossas emoções e pensamentos em cada momento. Vamos colocar isso em prática.
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