Eu estava na biblioteca com uma amiga, procurando um livro de que eu precisava muito.
Olhamos todas as prateleiras, cuidadosamente, para ver se o encontrávamos, mas nada.
Verificamos o papel com a sequência anotada, onde deveríamos encontrá-lo, e nada, ele não estava lá.
Nós estávamos no lugar certo e nada de achá-lo. Eu já estava desistindo e indo embora, até que minha amiga olhou para mim e disse: “Tha, olha aqui embaixo, ele está aqui”. E não é que ele estava lá mesmo!
Mas de que isso importa? Sabe, às vezes, as coisas estão diante dos nossos olhos, mas estamos tão focados em algo, que nos esquecemos de olhar ao nosso redor. Olhamos para o passado, para os nossos tombos e fracassos e não olhamos para o que está bem diante de nós. Eu fixei meus olhos em apenas uma prateleira e me esqueci de olhar bem embaixo do meu nariz.
Às vezes, não encontramos alguém que estávamos procurando, mas alguém que estava procurando por nós.
Sabe, esse lance de esperar a pessoa certa é muito parecido com o exemplo do livro. Tem dias em que a gente se questiona se ela realmente existe. Não sei você, que está lendo esse texto, mas eu já idealizei muito e sempre ouvia isso: “Você escolhe demais, cuidado, vai acabar sendo escolhida”, e sim, eu fui escolhida, mas não por ser a última opção de alguém, mas por ser a primeira.
Fui escolhida por Deus para alguém e Deus o escolheu para mim, para me amar. Mas isso só aconteceu quando eu permiti e me desfiz de toda a bagagem do passado, quando eu esqueci os meus padrões e ideias fantasiosas. Quando eu vi que o que eu achava ser o melhor era pequeno demais comparado ao que Deus preparou para a minha vida.
Algumas pessoas se entregam para qualquer um, por medo de ficar sozinhas; outras não se entregam, por medo de fazerem a escolha errada. Acontece que ambos os casos estão completamente equivocados. Primeiramente, amor não é uma questão de tentativas incessantes por medo de nunca o encontrar. E, segundo, o amor não é previsível, não é algo que bate à sua porta, você olha e diz: “Ah, é esse mesmo, pode entrar”.
Esse lance de pessoa certa está longe de ser a pessoa idealizada, está mais perto de ser a pessoa inusitada e imprevisível. Está em nos vestirmos da nossa beleza mais bonita, a que vem do interior, de abrir nosso coração para o novo.
Às vezes, estamos tão machucados, calejados, que a tal “pessoa certa” acaba pagando o preço disso. Sim, porque nos fechamos e bloqueamos qualquer possibilidade de ela ser a pessoa que tanto esperávamos, porque qualquer coisa se torna motivo para descartá-la.
Quando você conseguir enxergar para além do seu mundo e estiver disposta a conhecer as coisas ao seu redor, quando você entender que não é metade de ninguém, mas que é inteira, quando entender que não precisa de alguém para ser feliz, porque você é feliz, aí sim, você poderá encontrar alguém especial para somar, multiplicar, transbordar. E não dividir.
O que quero dizer é: por que tanta pressa em ter alguém, se você não consegue se olhar no espelho e enxergar a pessoa maravilhosa que você é? Por que tanta pressa em ter alguém, se você não consegue, ao menos, se amar do jeito que deveria? Por que querer tanto ser a metade de alguém, se você pode ser inteira?
Já reparou que tem gente elogiando o seu sorriso e você não dá valor nisso porque está esperando alguém vir e fazê-la sorrir? Já reparou que tem gente reparando na sua roupa nova e você querendo mudar de visual para agradar? Já reparou que pede por alguém especial, mas não deixa ninguém mostrar o quanto é especial para você?
Pois bem, eu estava desistindo do livro, estava indo embora, mesmo precisando muito dele.
Mas eu precisei de alguém que batesse em meus ombros e dissesse: “Você olhou aqui embaixo? Ele está aqui”.
Será que você não está precisando disso? De alguém que diga: “Ei, mude o foco, mude a direção, veja por outro ângulo, está aqui”. Às vezes, não encontramos alguém que estávamos procurando, mas alguém que estava procurando por nós.
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