Algumas vezes podemos nos sentir em situações aparentemente sem saída, envolvidos em pensamentos e padrões que trazem muita dor. Padrões que geram uma crença de total aprisionamento.
Toda a vontade é direcionada para um único propósito: que o pesadelo acabe. Porém, todas as tentativas de saída parecem falhar. São todas em vão, fortalecendo uma tortura mental aparentemente infindável.
O pesar é tão grande que até o mais racional dos homens em algum momento irá invocar alguma ajuda: “Não vejo saída. Que algo ou alguém me auxilie a sair desse pesadelo pois não suporto mais…”
É neste momento de desistência real e total entrega que algo acontece. Um pedido de socorro intenso e verdadeiro surge. Inicia-se então a possibilidade de uma ampliação da consciência. Algo que está além do simples pensar começa a surgir.
Um novo padrão de pensamentos nasce. Saímos do estado de domínio para o estado de receptividade. Saímos da perspectiva do guerreiro para o espaço do filho que pede ajuda à mãe. Saímos do pensamento massacrante e criamos sintonia com a aceitação.
Quando você realmente desiste, abre-se uma porta. Todo o desejo de controlar e resolver o problema deixa de existir. Você se entrega… Você se rende à vida… E ela continua… E ela te leva em seus braços…
Passamos a enxergar tudo agora com um distanciamento. A visão se amplia e pela primeira vez observamos tudo de um ângulo totalmente diferente.
Até então não percebíamos que toda tortura era gerada pela necessidade de controle, pela necessidade de solucionar. A identificação com o processo era tão grande que nenhuma janela poderia ser aberta. Não havia possibilidade de ver nada além do medo.
Quando desistimos de resolver por nós mesmos, invocamos o incompreensível, o desconhecido, invocamos ajuda para as infinitas possibilidades que não dominamos. Aceitamos a guiança.
A guiança nunca vem através da mente. Ela nasce através do espaço silencioso e se manifesta como uma grande inspiração. Desistir de querer resolver é permitir que a vida ofereça um caminho.
Esse fenômeno é inevitável em momentos críticos, porém não precisamos chegar no fundo do poço para utilizar esse mecanismo de inspiração e dissolução. Uma vez reconhecido, podemos utilizá-lo para problemas menores no dia a dia.
Esse é o princípio que Einsten vivenciou ao formular a famosa frase:
“Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade me é revelada.”
Ampliando ainda a perspectiva, podemos também utilizar o mesmo princípio para acessarmos padrões de consciência mais elevados. É importante compreender que nunca elevaremos o padrão de consciência usando apenas o pensamento. Esse fenômeno só acontece através da receptividade, através de um estado de “não-mente”, um estado meditativo.
Muitos chamam esse estado de fé. E fé não é acreditar, fé é ver através da percepção e dos olhos que estão além da mente. A verdadeira fé é um fenômeno que pode nascer no momento em que você desiste de lutar.
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