Atitudes negacionistas podem indicar resposta instintiva ao medo
Em um contexto de pandemia e pânico generalizado, um termo ficou muito conhecido para designar aqueles que eram descrentes da gravidade da situação sanitária mundial: ‘negacionistas’. Porém, a negação é uma atitude que tem lados positivos e negativos.
O ser humano tem essa incrível capacidade de negar até mesmo o que é provado. Porém, ao mesmo tempo que é um dos maiores males da humanidade, é também uma ação repleta de benefícios.
Há diversos julgamentos em torno dos negacionistas, taxando-os como pessoas sem conhecimento ou sem interesse em assuntos específicos. Porém, a negação pode nada mais ser, do que apenas uma resposta instintiva ao medo.
Claro que há negacionistas persistentes que buscam em sua própria razão a conversão de seus desejos, desrespeitando a qualidade lógica e global. Porém, a negação pode ser a ansiedade buscando na não aceitação dos fatos uma reação instintiva de fuga como mecanismo de sobrevivência.
O período em que vivemos é extremamente fértil para o aparecimento de atitudes negacionistas. Estamos programados para a busca da dopamina, em um ciclo vicioso para encontrar o que nos faz bem e para tentar nos desvenciliar do medo. Por isso, o que é insuportável torna-se tão doloroso a ponto de criar uma reação de fuga.
As memórias de medo e situações traumáticas ficam armazenadas, para que caso algo semelhante possa acontecer, o ser humano tenha possibilidade de responder a situações de perigo.
O medo é a base do negacionismo. Muitas vezes, não se trata de ter acesso ou não à informação e sim de tentar fugir a realidade como uma resposta ao medo do medo.
Para aliviar a situação emocional de alguém que está em negação, acredito que a forma certa de agir é sendo um ponto de apoio e não uma fonte de julgamentos.
Ou seja, esteja disposto a ouvir as pessoas que negam a verdade, mostre que deseja ajudar e, talvez, recomende um especialista na área, um terapeuta, uma forma de ajuda, para que essa pessoa consiga entender que o medo é positivo, mas o medo do medo, pode o estar levando a criar situações que não são reais e a desenvolver uma paranóia.
Texto de Fabiano de Abreu Rodrigues, PhD, neurocientista, neuropsicólogo, biólogo, historiador, jornalista, psicanalista com pós em antropologia e formação avançada em nutrição clínica. PhD e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida e tem o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC. Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814; Membro da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488; Membro da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT 30079; Contato: deabreu.fabiano@gmail.com
*DA REDAÇÃO RH. Foto de Melanie Wasser no Unsplash.
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