Teria acontecido. Se não fosse por sua insegurança, pela mania de duvidar de si mesmo, daria certo.
Bastava ter pedido. Simplesmente ter arriscado. Um “não” seria o pior que te ocorreria. Mas o “sim” mudaria sua vida.
Por que não tentou? Por que deixou o medo ser maior que sua vocação para a felicidade?
Quantas vezes deixamos oportunidades passarem, amores atravessarem a porta de saída, sonhos serem arquivados… só porque não fomos capazes de dominar o medo.
O medo que paralisa, limita, congela as suspeitas, eterniza as dúvidas. O medo que nos diminui, desmerece, encarcera… torna pessoas comuns “muita areia para nosso caminhão”.
E um dia _ tarde demais _ descobrimos que tínhamos as chaves. Que muitas portas estariam abertas se tivéssemos tentado.
Bastava coragem _ e não haveria um “se”…
Gosto muito do filme “Divã”, de Martha Medeiros; especialmente da parte em que a personagem Mercedes pergunta ao seu analista: “E se eu lhe disser que estou com medo de ser feliz para sempre?” Porque no final das contas é assim que vivemos: constantemente boicotando a felicidade com preconceitos e suposições.
Cheios de “mania de perfeição”, colecionamos fragilidades e distorcemos nossas possibilidades com autocrítica, remorso e culpa.
Muitas vezes preferimos prestar tributo ao sofrimento a acreditar nos dons que carregamos, na alegria que existe _ ainda que camuflada _ dentro de nós.
Num mundo legitimado por egos inflados e distorções da verdadeira auto estima, reconhecer-se merecedor, capaz e digno é admitir-se irrestrito.
É aceitar a igualdade _ a irrefutável verdade que ninguém é tão especial ou tão banal.
É entender que ninguém é “muita areia pro caminhão” de ninguém; compreender que com esforço, empenho e fé somos igualmente capazes de cruzar a linha de chegada.
E então relaxar, porque finalmente aprendemos a confiar no “nosso taco”.
Não precisaríamos perder tanto tempo se soubéssemos que temos as chaves _ tanto quanto aquele nosso vizinho importante e sortudo. Porém, muitas vezes preferimos deixá-las esquecidas, negligenciadas dentro de uma gaveta, abandonadas à própria sorte.
Porque no fundo há o medo: De avançar e cair. De chegar e arrepender. De evoluir e não estar pronto. De querer e não obter.
Então nem ousamos o primeiro passo _ como se o erro fosse o fim.
Mas nos esquecemos que o erro é o começo. O início.
É o que nos faz ir mais longe, além da dúvida, além de nossas fragilidades… Além de nós mesmos.
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