A bondade é o autêntico símbolo de superioridade do ser humano; no entanto, se não estiver acompanhada por uma ação, não serve de nada. Todos nós conhecemos aquele tipo de pessoa que diz muito e faz pouco, que faz uso de nobres palavras e tem atos egoístas. Comecemos, então, a mudar o mundo, a traduzir em atos a autêntica nobreza do nosso coração.
Esta ideia que pode parecer óbvia denota um fato evidente: são muitos os que praticam um tipo de imobilidade onde basta para eles pensarem ser “boas pessoas” para satisfazer, assim, sua própria e contraditória satisfação. No entanto, são incapazes de ver necessidades próximas, fatos concretos que demandam da pessoa uma empatia elementar que não vemos tanto quanto gostaríamos.
“Se você quer mudar o mundo, mude a si mesmo.”
– Gandhi-
Alguém disse uma vez que, para acabar com a maldade, bastaria apenas que as pessoas boas agissem, fizessem algo. A bondade não é uma entidade vazia, não é um comprimido que uma pessoa toma para enobrecer seu coração e fazer uma doação para uma ONG, muito menos um título para se vangloriar.
A bondade não é algo que se escolhe, é algo que se sente e que impõe uma necessidade imperativa de agir, de dar resposta, de atender e amparar, apesar do resto do mundo não entender ou criticar este feito. A bondade é, portanto, um autêntico ato heroico.
Propomos a você refletir sobre isso.
As boas pessoas são feitas de outro tipo de material
Nós temos consciência de que este assunto pode gerar uma certa polêmica. Em primeiro lugar, muitos vão se perguntar o que entendemos por “boas pessoas”, o que as torna diferente das demais e por que costuma-se dizer que são heroínas anônimas, silenciosas, que não anunciam muito. Bom, é necessário esclarecer que, com a categorização de “boas”, não queremos dizer que o resto das pessoas sejam “más”. Não estamos estabelecendo nenhuma dicotomia.
A bondade é, antes de tudo, ausência de egocentrismo. Se isolarmos esta variável em nossa educação, teremos um perfil comportamental onde habitam dimensões como a empatia, a compaixão e o altruísmo. Entretanto, um traço excepcional deste tipo de personalidade é que elas são feitas de um material que ninguém vê. Basta se aprofundar na primeira camada de sua pele para descobrir que, sob ela, reluzem: são pessoas que antepõem as necessidades alheias às próprias.
Este último aspecto não é visto muito frequentemente. Nem todos priorizamos nossos semelhantes ao ponto de relativizar as próprias necessidades, e o fato de não fazê-lo ou não senti-lo não nos torna más pessoas. Simplesmente, este tipo de sacrifício ou de vontade assim tão altruísta é alheio a nós, estranho e até contraditório. Talvez, por essa razão, não entendemos o porquê de tanto voluntários colocarem suas vidas em risco para ajudar pessoas que estão longe.
De fato, às vezes também não entendemos aquela amiga, vizinha, companheiro de trabalho ou irmão que dá tudo pela comunidade sem esperar nada em troca. A bondade, assim como o resto das motivações, nem sempre é entendida, e precisamente por essa incompreensão, poucas vezes recebe o reconhecimento que merece.
Se você praticar a bondade, algo vai mudar em seu cérebro
Para praticar a autêntica bondade, não é necessário dar todos os nossos bens ao próximo. Também não é necessário viajar para a Índia ou ao Tibete, nem tomar partido em guerras que não são nossas para ajudar o oprimido ou o necessitado. A autêntica bondade começa ao nosso redor, nas coisas que acontecem no dia a dia diante de nós e que, frequentemente, não vemos.
“Nunca haverá grandeza onde faltam a bondade, o respeito, a humildade e a verdade.”
– León Tólstoi
Nenhum ato de bondade, por menor que seja, será uma perda de tempo. Basta dar o primeiro passo e agir que, pouco a pouco, nosso cérebro começará a experimentar pequenas, porém grandes mudanças. Tanto é assim que você vai ficar surpreso ao saber que atos como a generosidade e o altruísmo ativam, em nosso cérebro, os mesmos mecanismos neuronais que a empatia.
Ao fazer algo significativo pelo próximo recebemos de nosso cérebro uma carga de endorfinas que reforçam, de alguma maneira, esse comportamento pró-social que dignifica nossa espécie. O ser humano tem como principal prioridade garantir sua sobrevivência, assim, a bondade acompanhada de ação, e não só de desejo, garante este princípio fundamental.
Por outro lado, algo que que nunca deveríamos negligenciar é transmitir aos nossos filhos este tipo de enfoque vital. Jerome Kagan, psicólogo da Universidade de Harvard, demonstrou através de seus trabalhos que os bebês têm uma capacidade inata de se conectar de forma positiva com as pessoas que os carregam. As carícias emocionais favorecem e potencializam o amadurecimento de um cérebro infantil de uma forma simplesmente maravilhosa.
Sendo assim, se semearmos neles o valor da empatia, do respeito e do altruísmo, todos sairemos ganhando nesta era da modernidade e das novas tecnologias. É um grande desafio e um ato de grande responsabilidade no qual todos nós contamos, onde todos somos importantes. Porque se nossa espécie conseguiu evoluir até dar forma ao que chamamos de “humanidade”, agora só falta dar mais um passo para dar forma a uma autêntica consciência comum, a uma rede baseada no respeito mútuo, na compaixão e no valor do outro como parte de si mesmo.
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