Ciúme! Não tenho vergonha de dizer que sinto. Aliás, sou o tipo raro de mulher, ou até mesmo de pessoa, que tem o hábito de dizer tudo o que pensa e o que sente. Sem meias palavras, meias verdades ou “entre linhas”. Acho que sou tão sincera que tem gente que não acredita. E tem gente que leva tempo pra entender, tamanha a simplicidade. Pelo menos do meu ponto de vista. Mas sou ciumenta sim.
Adoro carinho, amor, reconhecimento, principalmente, vindo daqueles que me interessam. Não sou um caso extremo, mas já senti ciúmes até dos meus gatos.
Tem gente que diz que ciúme tem a ver com possessividade. Pode ser. Mas não acho que sou possessiva. Prezo a minha liberdade da mesma forma que respeito a liberdade alheia. E carinho e amor só tem importância se é dado de graça, de bom grado. Cobrado, nem um beijo tem sabor. E nem valor.
Recentemente, não pela primeira vez e nem pela segunda, me peguei reclamando para meu melhor amigo de que estava com ciúme dele. Ele riu e ficou vermelho, no fundo, porque acho que ele sabe que eu tinha razão.
A história do meu melhor amigo é realmente engraçada, porque afinal ele também é o melhor amigo do meu filho. E como eu e minha prole temos nossos atritos, o amigo está lá no meio, sempre intermediando as personalidades extremas de mãe e filho. Segundo ele, ambas fortes e em direções opostas. Haja faíscas.
Meu melhor amigo é o máximo, tenho que dizer: inteligente e sensível como o que. Engraçado, prestativo, um anjo em minha vida. E considerando que melhor do que ele é pra mim, ele só o é para meu filho, eu só devo ficar feliz. E fico mesmo. Mas ao mesmo tempo, daí vem todo meu ciúme. Meu amigo me larga ao menor chamado do meu rebento. Que sorte a do moleque. Vive roubando o MEU melhor amigo.
Certa vez eu e meu amigo bebíamos champanhe numa sexta-feira à noite na minha sala de jantar. Meu filho queria ir dormir cedo e pediu silêncio. Me lembro disso vagamente. Mas o que me recordo bem mesmo, é que a noite terminou embaixo da mesa, no chão, numa briga pela última taça de champanhe entre eu e meu amigo. Noite memorável.
Já há algum tempo não tomamos nosso champanhe semanal juntos. Ambos correndo nessa vida louca entre trabalho e vida pessoal. Mas entendi que meu ciúme tem sua razão de ser. Eu amo meu amigo. E apesar de saber que quando ele não está ao meu lado, está com meu filho, ainda assim não consigo deixar de sentir saudade. A falta que me faz os risos e as besteiras que só a gente junto sabe falar e entender o sentido que faz. Também entendi que esse ciúme me dá mais sentido à vida. Como é bom ter, como é bom sentir. Sinal de amor, amizade, saudade de tempos bem vividos.
Não sinto ciúme só do meu amigo, mas acho que de quase todo mundo que eu quero muito bem. Ciúme saudável, eu diria, honesto e escancarado, já que deixo bem claro o que sinto, reivindicando honestamente mais atenção.
Uma vez estávamos num bar: eu, meu filho e NOSSO melhor amigo. Já além da primeira taça de champanhe, parece que meu filho respondeu mal a um comentário que eu fiz. Nosso amigo se doeu por mim e começou a discutir com o menino. Logo em seguida eu respondi mal ao meu filho. Aí, o nosso melhor amigo se doeu de novo e começou a discutir comigo. Eu nem me lembro de nada. Meu filho vagamente. Só sei que nessa história quem deve sofrer mesmo é quem está no meio: tem dois melhores amigos pra cuidar, satisfazer, defender e por aí vai. Acho que numa relação a três, o ciúme é o quarto integrante, senão um amante.
No fim das contas, acho que sobre ciúme, feliz mesmo é quem tem. Na medida certa. Na medida do amor.
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