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Com a pandemia, eu mudei muito a minha forma de pensar e agir.

Com a pandemia, eu mudei muito a minha forma de pensar e agir.

Eu sou um produto do meio em que vivo. Com o tempo, tudo mudou dentro de mim. Eu mudei muito a minha forma de pensar e agir.

A Pandemia veio para reforçar essa minha ideia. Tudo foi potencializado para me mostrar o que realmente importa e reforçar a gratidão que sinto por todas as coisas que passavam batido com a correria do dia-a-dia.

Acredito que o vírus veio para me poupar o tempo e para resgatar meus valores que havia negligenciado devido à falta de tempo.

No turbilhão de emoções fui obrigada a entrar no casulo para que a transformação acontecesse.

Passei a dar mais valor à minha vida e as pessoas.

Comecei a olhar para a vida com mais atenção devido a perda da saúde e da vida de inúmeras pessoas.

A pandemia me fez sentir vulnerável.

Fiquei insegura diante de tantos problemas que abalaram o mundo, mas não deixei morrer a minha esperança e os meus sonhos.

Daqui um tempo, a pandemia acabará e terei que estar forte para enfrentar os desafios de frente.

Não sei como foi com vocês, mas sofri na pele os efeitos da pandemia.

Ser sensível demais tem suas desvantagens e assim vivi um dos piores momentos da minha vida.

Resumindo, foi enlouquecedor!

Foi como se eu estivesse presa num pesadelo sem hora para acordar.

Dentre as coisas que mais me afetou, foi o sair da rotina, a falta do convívio com um número maior de pessoas, a perda da liberdade, o uso da máscara que sufocava a ponto de economizar sorrisos e falas necessárias, o que me sobrou foi focar nos olhos nos olhos.

Houve escassez de falas e de diálogo que aumentou a minha irritabilidade devido a vários problemas trazidos pela mudança brusca.

Creio que a pandemia afetou a todos nós. Crianças e adultos.

O medo da mudança é inerente ao ser humano. Depois de muito tempo, seguindo à risca todas as normas de segurança, minha cabeça ficou a mil, com o tamanho da responsabilidade ao trabalhar com um número reduzido de pessoas, num serviço emergencial que não podia parar.

Ver de perto as dificuldades de adaptação de todos foi assustador. As poucas pessoas que me relacionei nesse tempo transpareciam o medo e a insegurança.

O medo de eminente perda do emprego, da falta de dinheiro para manter o estabelecimento aberto estava estampado no rosto das pessoas.

Eu não consigo me sentir bem se as pessoas que estão ao meu redor não estejam bem.

Isso acaba refletindo em como eu me sinto. Dizem que vemos no outro o que temos dentro, talvez por isso, eu tenha visto tanta gente sofrendo, porque eu estava sofrendo.

O que mais eu vi foram olhares distantes e perdidos, assustados prestes a perder a sã consciência.

Para mim que sou filha de pais que foram comerciantes uma vida inteira, ver estabelecimentos fecharem as portas em virtude de um vírus é sem dúvidas, muito triste.

Dói na alma só de pensar.

Com isso tudo acontecendo fui me perdendo, potencializando minhas próprias fraquezas e acabei adoecendo.

Agora, percebo o quanto é importante nos protegermos emocionalmente, mesmo com o caos acontecendo lá fora, o melhor a e fazer é olhar para dentro, e nos concentrar nas nossas próprias questões. Isso não é egoísmo, é autocuidado.

Devemos sim ser solidários com o sofrimento alheio, mas não podemos pegar a dor do outro como se fosse nossa. Devemos olhar para o outro com compaixão e fazer a nossa parte caso percebamos que está ao nosso alcance fazer algo.

Mas tentar salvar o mundo, sem ter condições emocionais para isso, acaba nos enfraquecendo.

Com a vacina, nasce a esperança novamente e em breve poderemos voltar ao normal, mas com toda a certeza eu não serei mais a mesma, e talvez vocês também não.

Vamos nos concentrar nesse tempo para nos equilibrar emocionalmente! Vamos olhar para tudo o que nos machuca e varrer da nossa vida a dor e o sofrimento. Se fizermos isso agora, assim que estivermos vacinados poderemos comemorar e contagiar a todos com a nossa força e alegria.

Cuide primeiro de você!

Se fortaleça, e só depois, tente ajudar o outro. Caso contrário, você se machucará ainda mais por não ter conseguido ajudar, ou por ter oferecido uma ajuda que mais prejudicou do que ajudou.

Concentre em você. O que você precisa agora para se sentir bem?

*DA REDAÇÃO RH. *Texto de Idelma da Costa. * Foto de Alexandre Chambon no Unsplash

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Idelma da Costa

Idelma da Costa, Bacharel em Direito, Pós Graduada em Direito Processual, Gerente Judicial (TJMG), escritora dos livros Apagão, o passo para a superação e O mundo não gira, capota. Tem sido classificada em concursos literários a nível nacional e internacional com suas poesias e contos. Participou como autora convidada do FliAraxá 2018 e 2019 e da Flid 2018.

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