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Como dizia a canção, um joelho ralado dói bem menos do que um coração partido

Perderemos muitas pessoas pelo caminho, acumularemos saudades doídas, lembranças espinhosas, corações partidos. Não raro, o saudosismo em relação à nossa infância despreocupada e livre de responsabilidades agiganta em nosso peito, aninhando nossas lágrimas e a saudade de gente cujo colo nos faz tanta falta.

Vivemos correndo contra o tempo, tentando vencer as insuficientes vinte e quatro horas do dia, ansiando por recuperar a passagem do tempo que perdemos enquanto nos ocupávamos com o que não nos preenche a essência, bem como lutando contra as marcas que os anos idos imprimem em nosso físico. É como se nunca vencêssemos essa batalha a que nos propomos contra o que passa, passou, o que não é mais, o que não pode mais ser.

Embora o tempo traga sabedoria e resignação frente a muito daquilo que nos ansiava e angustiava, ele também acaba por nos fazer acumular cada vez mais responsabilidades. O amadurecimento vai nos distanciando das preocupações únicas com o que é somente nosso, estendendo nosso mundo em direção à vida de mais pessoas que começam a caminhar conosco. Passamos a nos tornar responsáveis também por vidas outras, de gente que amamos, que nos ama, gente que fica junto, ali do lado, torcendo por nós.

A felicidade vai deixando de ser egoísta, pois as dores daqueles que amamos acabam nos atingindo, ou seja, por mais que estejamos bem, caso nossos queridos estejam passando por problemas, não nos sentiremos completos de fato. Percebermo-nos parte de um todo que recebe influência de nossas ações nos torna mais suscetíveis a sofrer quando o outro sofre, porque temos, então, a consciência de que ficar feliz sozinho, enquanto há dor à nossa volta, é muito difícil.

Além disso, essa interação com outras pessoas nunca é de todo tranquila. Enfrentaremos decepções, quebras de expectativas, ingratidão, traição, desprezo e falsidade. Perderemos muitas pessoas pelo caminho, acumularemos saudades doídas, lembranças espinhosas, corações partidos. Não raro, o saudosismo em relação à nossa infância despreocupada e livre de responsabilidades agiganta em nosso peito, aninhando nossas lágrimas e a saudade de gente cujo colo nos faz tanta falta. Inevitável.

O tempo passa, sempre, para todo mundo. Lutar contra ele, portanto, sempre será um embate inglório, uma causa perdida, porque o mais sábio sempre será unir-se a ele, sorvendo suas lições e assimilando os tantos aprendizados que ele nos proporciona. A passagem do tempo não deve nos angustiar quanto à nossa finitude e sim nos dar forças para fazermos e sermos o melhor que pudermos, para que nos eternizemos nas lembranças de todos aqueles que viveram junto às nossas verdades. É assim que o amor se eterniza e se torna mais forte do que a morte…

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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