Velho eu: crescer também faz com que a gente abra mão de antigos sonhos.
Há pouco tempo atrás o meu sonho era morar no exterior. Onde? Qualquer outro lugar que não fosse aqui. Eu precisava achar um jeito de sair do país. Tinha certeza que lá, em uma terra distante, eu encontraria a felicidade.
Mas enquanto eu estava aqui, sem poder ir embora, eu conhecia pessoas e lugares novos. Vivia experiências diferentes e com esses encontros eu me transformava. Os dias, que antes eram apenas tolerados, ganhavam um colorido novo. A cidade era a mesma, mas os olhos que a enxergavam passavam por uma profunda transformação.
Fiquei surpresa quando eu me peguei pensando que não conseguiria me imaginar indo embora agora. E em seguida, a “velha eu” dentro de mim sentiu-se traída: “Você se esqueceu da nossa combinação? Nós temos que ir embora desse país!”
O problema é que enquanto o nosso plano de ir embora o mais rápido possível não era posto em prática, eu estava aqui. E se eu não podia mudar de lugar, eu precisava mudar a mim mesma, afinal, eu queria me sentir bem.
Com o tempo, aprendi a amar a vida que tinha aqui mesmo. Mas isso não aconteceu de forma racional e a mudança precisou acontecer de dentro para fora, pois o mundo não iria mudar para me agradar. Eu teria que modificar aquilo que, dentro de mim, estava me impedindo de ser feliz.
Não digo que nunca vou querer conhecer outros lugares – eu ainda amo viajar. Mas aprendi que é bom abrir mão de velhos sonhos para poder continuar sonhando.
Alguns destes sonhos eu vou realizar. Outros não. A sabedoria está em não olhar para isso como uma derrota e sim como um processo de renovação.
Algumas promessas de ano novo não serão cumpridas, simplesmente porque a pessoa que as prometeu já não é mais a mesma. Cumprir uma antiga resolução, a todo custo, talvez não seja tão satisfatório quanto se permitir mudar de ideia.
E quando a “antiga eu” vier acertar as contas, talvez eu tenha que lhe dizer: “Deixe de ser tão chata! Afinal, nós sempre gostamos mais do inesperado, não é?”
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