É evidente que gostamos de nos relacionar com os outros, de que gostem e cuidem de nós e de que compartilhem parte do seu tempo conosco. Contudo, seria benéfico entender que a maior necessidade é a de se cuidar, de se amar e saber ser feliz consigo mesmo.
Ninguém é indispensável para que sejamos felizes, nem para que possamos nos sentir plenos, embora muitas vezes acreditemos que não. O que os outros nos dão, de fato, é algo voluntário que é mais enriquecedor se não é esperado: os que quiserem estar, estarão e cuidarão de nós sem que tenhamos que pedir.
A existência não admite representantes
Somos únicos e individuais, de modo que temos emoções, vivências e formas diferentes de interpretar a vida. Por essa razão, o que somos e o que sentimos só poderá ser regulado por nós mesmos: se queremos que cuidem de nós, por exemplo, primeiro é preciso aprender a se cuidar.
“Porque ninguém pode saber por você. Ninguém pode crescer por você. Ninguém pode procurar por você. Ninguém pode fazer por você o que você mesmo precisa fazer.”
-Jorge Bucay-
Bucay dizia que ninguém pode crescer por nós, e não estava enganado: nenhuma pessoa, por mais que o ame, será capaz de se colocar nos seus sapatos. É melhor que as maiores expectativas e os maiores desafios sejam colocados em uma única direção: para dentro.
Neste sentido, temos pela frente um grande número de oportunidades que podemos aproveitar e uma imensidão de decisões a tomar. Cuidar de si significa que seremos conscientes do que pode nos acontecer a qualquer momento, e teremos a certeza de que manter o equilíbrio depende de nós mesmos.
A importância de se cuidar para poder cuidar do outro
Quando perdermos o equilíbrio e tivermos que remar contra as adversidades, teremos muitas pessoas ao nosso lado. Contudo, não devemos contar com isso, porque certamente não haverá o número de pessoas que pensamos que estaria a priori: faltará alguém que esperávamos e com certeza aparecerá alguém de forma surpreendente. Portanto, não podemos calcular a força que podem nos dar as pessoas que nos acompanham, mas sim as nossas forças.
Às vezes, por exemplo, precisamos nos separar de alguém e pensamos que será impossível sair dali: não concebemos a ideia de que primeiro precisamos estar para nós mesmos e então para os outros, de modo que sentimos dependência. Contudo, é somente um jogo de espelhos: teremos saído dali e nunca faltaremos para nós mesmos.
Que francamente, quem precisa estar com você é você mesmo.
E o resto chega sozinho
em forma de cura,
em vontade de manta,
em distâncias que nunca foram.
A autoestima nestes casos é indispensável: crer em si mesmo é o primeiro passo para superar qualquer dano ou para desfrutar ao máximo as alegrias que encontramos. E mais, valorizar-se e gostar de si é imprescindível para que os outros também o façam.
Os seres queridos nos dão vida, mas nós mesmos vivemos a vida
Quando cuidamos de nós mesmos e nos amamos parece que, por inércia, os outros gostam e cuidam de nós. O fato é que os seres queridos nos dão vida, mas no fim das contas estamos sós: sós para fazer o que quisermos com o que está diante de nós.
“Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós. Somente através do amor e da amizade podemos pensar, por um momento, que não estamos sós.”
-Orson Welles-
O amor, a amizade e a família nos dão o calor que às vezes nos falta e nos apoiam em qualquer circunstância. Contudo, se não houver calor dentro, provavelmente continuará havendo frio. É útil compreender que o tempo que nos é dado é o nosso, do mesmo jeito que a decisão de como empregá-lo é exclusiva e individual.
Por tudo o que dissemos definimos o título do artigo desta forma: se eu não me cuidar, ninguém o fará por mim. Tenho a obrigação de cultivar o meu eu pessoal e fazê-lo crescer, realizar seus sonhos e superar as suas derrotas, de procurar o que me faz feliz e tomar a decisão de compartilhá-lo com quem me demonstre querer esse privilégio.