Clarice estava de olhos fechados e podia ver o invisível.

Conseguia enxergar a beleza de todas as coisas que não conseguia ver de olhos abertos…

As flores tinham mais cores, ela voava em um balão colorido, ia de um continente a outro em segundos, podia voar, ser a mulher maravilha…

Podia ser gente pequena, encontrava duendes e o fim do arco-íris com um pote cheio de felicidade que queria dividir com todos os “seus”.

Podia ver o amor acontecer nos olhos de quem tanto queria, sentir o cheiro da chuva caindo, podia ver o rosto de quem cantava a música, ela via o que não via quando estava de olhos bem abertos, mas o mais importante é que Clarice podia se ver.

Ver dentro dela mesma todas as belezas guardadas em um cantinho especial, sem poeiras, tudo arrumadinho, por que ela é uma mulher organizada.

Com a “grandeza” Clarice foi perdendo sua “muiteza” e esqueceu do quanto era especial e o quanto era maravilhosa por dentro, por fora era uma linda mulher, mas não se comparava ao que estava guardado…

Ela sempre esperava o momento certo para se mostrar, revelar e quase nunca conseguia ser ela mesma. Se condicionou, virou uma igual, com todas as coisas guardadas, deixou de ser diferente e ficou igual.

Por isso hoje ela parou, fechou os olhos, viu o invisível, a viu como ela é.

Quis se mostrar, colocou um lindo vestido, abriu um lindo sorriso, uma flor nos cabelos e foi atrás do tempo perdido, resgatar aquela mulher linda, cheia de vida, de sorriso aberto, de coração apaixonado, de olhos atentos, curiosa, interessante, teimosa, meiga e charmosa.

Despiu-se da amargura, pois conseguiu entender que coisas da vida são coisas da vida e acontece com todo mundo, ela não é mais uma vítima, agora ela sabe que dentro da sua história ela faz o papel principal e que apesar das dores, das lágrimas, dos sonhos perdidos, dos discos não ouvidos e do fim sempre anunciado as suas histórias de amor…

Ela sabe que ainda existe um pote no fim do arco-íris à sua espera.

E como ela sabe disso?

Ela simplesmente fecha os olhos!








Carol Daimond, mineira de Divinópolis, bacharel em Direito e apaixonada pelas palavras entrelaçadas, mãe, mulher e terapeuta thetahealer, uma mistura de mulher que a cada dia se reinventa em busca da sua melhor entrega em partilha para o mundo. Sua jornada como escritora começou de brincadeira e tem se tornado cada dia mais a sua marca pessoal de verdade e essência.