O tempo passa, as formas de relacionamento modernizam-se; contatos virtuais começam a superar os reais; os relatos de amores ao primeiro “enter” reproduzem-se e relacionamentos, antes marginalizados, conquistam seu direito de amar de forma igualitária…

Algumas coisas, porém, não mudam, tais como o anseio de tantos corações pelo momento mágico em que se encontra o amor da sua vida. Essa busca é tão incessante, às vezes, tão cheia de percalços e desafios, que inspiram as tantas canções e tramas cinematográficas que alimentam os suspiros que se replicam na esperança alimentada pelos finais felizes.

E nem diga que o amor é utopia, que essa busca é coisa de gente sensível, pois tanto na tela, como também na vida, já ficou mais do que comprovado que “os brutos também amam”.

Entretanto, é fato que essa empreitada, em geral, apresenta diversos desafios. Muitas fases, às vezes, como verdadeiros testes de resistência, talvez para saber o quanto se é merecedor ou não de algo efetivamente autêntico.

Alguns parecem ter a chamada “sorte de principiante”. Outros erram. Destes, alguns toleram e se conformam com superficialidades, pois o preço para corrigir o rumo pode lhe parecer deveras alto. Outros preferem pagar, jogando fora uma “pseudo felicidade”, em busca daquela autêntica. Dão um “reset” no jogo. É hora de recomeçar, aproveitando a vantagem das experiências já vividas, ficando apenas com as medalhas que – por mérito próprio – algumas fases lhe renderam.

A escolha, como todas na vida, cobra seu preço e se faz presente, dia após dia, na mente daqueles que ousaram. E esses, por sua vez, poderão ficar, tentar traçar um plano de execução detalhado, na certeza de que sua acuidade ou experiência lhes encaminharão de forma certeza rumo ao encontro genuíno.

O que fazer, como agir, onde procurar aquela pessoa que faz o coração vibrar e desperta o que há de melhor em cada um? Caminhos são analisados, olha-se à volta e nenhum sinal. Busca-se a uma “receita”. Coloca o leite para aquecer e espera ao lado para que possa dar sequência ao primeiro sinal de fervura.

Entretanto, muitas vezes nós nos esquecemos de que a regra geral da natureza é a fluidez. Até mesmo na execução de uma receita, em alguns momentos temos que deixar as regras do universo façam a sua parte. Assim, o “leite” irá ferver no momento dele e não naquele que se determinar. Como diz o brocardo popular, ele só ferve quando não se está olhando.

Mantenha a gratidão como hábito em sua vida, inclusive nas fases em que o jogo parece traiçoeiro ou injusto. Talvez seja só a forma de lhe preparar para uma fase muito melhor, em que essa experiência lhe será de grande valia.

Faça amizades, ocupe-se, dê o seu melhor enquanto a vida flui… enquanto o “leite” aquece. E de repente você percebe que esqueceu. Nem se lembra mais que o “leite estava no fogo”, pois seguir a receita é só uma possibilidade. Percebeu que existe sempre espaço para sua criatividade e para boas surpresas.

É aí que o som do leite em ebulição atrai de novo o seu foco. Agora você sorri. É chegada a hora de preparar a mesa. E sim, mesa para dois!

Aproveite o caminho e deixe fluir, pois ele sempre parece menos quando nos deixamos guiar.








Patricia Oliveira Lima Pessanha, nascida em Petrópolis/RJ, atualmente residente em Santos/SP. Cultua bons livros, boa música, cinema, humor inteligente e se diz uma eterna aprendiz. Tem dentre seus hobbies explorar seu lado criativo, em especial através da escrita, buscando convidar o leitor à reflexão e contribuir para um mundo melhor, ainda que de forma singela.