“Demissão silenciosa”: Por que as pessoas estão “desaparecendo” aos poucos dos amigos?

O entendimento sobre a “demissão silenciosa” está ligado à subjetividade emocional que surgiu do impacto do confinamento, afirma o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

Você já ouviu falar em “demissão silenciosa”?

O termo se popularizou apenas há cerca de dois anos, quando as pessoas começaram a voltar à rotina após a pandemia de Covid-19 e cumpriam apenas o básico no trabalho para focar mais na sua qualidade de vida.

Hoje, esse conceito também está afetando as relações pessoais, como amizades, onde as pessoas estão se afastando de forma silenciosa e gradual dos amigos e priorizando seu bem-estar, mas evitando cortes bruscos de relações.

De onde veio o termo?

A “demissão silenciosa” era inicialmente uma estratégia de desvalorização das suas funções no trabalho e está conectada com o fenômeno conhecido como “A Grande Renúncia” ou “The Great Resignation”.

Esse movimento começou nos Estados Unidos, quando funcionários começaram a compartilhar nas redes sociais que estavam se limitando a cumprir apenas suas obrigações básicas no trabalho.

Desde então, o termo tem ganhado força nas mídias digitais, à medida que mais trabalhadores expressam seu sentimento de desvalorização, sendo mais comum entre os jovens da Geração Z. Mas com o tempo ele se ampliou também para as relações sociais.

O que explica o fenômeno de “demitir” os amigos de forma silenciosa?

De acordo com o Pós PhD em neurociências, biólogo pela Royal Society of Biology e neurocientista do comportamento pela PUCRS, o fenômeno está relacionado ao impacto das redes sociais e do isolamento social causado pela pandemia.

“O entendimento sobre a “demissão silenciosa” está ligado à subjetividade emocional que surgiu do impacto do confinamento, além do uso excessivo das redes sociais”.

De acordo com ele, a tolerância diminuiu, sendo um mecanismo de defesa do cérebro diante de uma ansiedade maior, tornando as pessoas mais introvertidas, por influência do isolamento causado pela pandemia.

Por outro, existem mais pessoas com traços de personalidade e transtornos mentais decorrentes da pandemia e pós-pandemia, tornando-se pessoas tóxicas, das quais outras com maior consciência acabam se afastando.

O Dr. Fabiano chegou a conclusão que o uso excessivo de redes sociais é um ‘refúgio’ para lidar com a baixa dopamina ou com a necessidade aumentada dela, moldando uma cultura mais egoísta, onde a necessidade de interação real é substituída pela ilusão de interação nas redes.

“Todo comportamento está relacionado à ação de neurotransmissores, influenciado pelos traços de personalidade”, afirma o Dr. Fabiano, que explora essa complexidade no no curso de neurociências em comportamento na PUCRS.

*DA REDAÇÃO RH – fONTE: Fabiano de Abreu Agrela: Pós-doutor e PhD em Neurociências, membro eleito da Sigma Xi – The Scientific Research Honor Society (mais de 200 membros da Sigma Xi já receberam o Prêmio Nobel). Mestre em Psicologia, Graduado em Biologia e História, também Tecnólogo em Antropologia e Filosofia com formação nacional e internacional em Neurociência e Neuropsicologia. É Membro da Society for Neuroscience (EUA), Membro da Royal Society of Biology do Reino Unido e da APA – American Philosophical Association (EUA). Atua como pesquisador e especialista em Nutrigenética e Genômica. Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia da Logos University International e Professor da Universidade UNIFRANZ (Bolívia), PUCRS, FACMED (Brasil), UniLogos (França). Autor de mais de 260 artigos científicos e 25 livros, com seu nome incluído no livro dos recordes por ter alcançado 3 recordes, um deles como o maior criador de personagens da história da imprensa.

Foto de Chris Yang na Unsplash

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