Todos nós buscamos ser felizes, porém, para isso devemos compreender o que significa realmente ser feliz. Muitas pessoas acreditam que felicidade é a ausência do sofrimento, porém, isso os leva para uma tentativa constante e interminável de fugir das coisas que produzem emoções e pensamentos perturbadores, sem compreender que é impossível não sofrer.
Se evitamos sofrer, também negamos passar por experiências enriquecedoras que podem gerar grandes aprendizados. Para exemplificar, imagine uma mãe que está em seu leito de morte e que quer falar as últimas palavras para sua filha. Essa experiência é muito dolorosa, mas de extrema importância para essa filha. Mesmo havendo sofrimento, há uma experiência de profundo aprendizado.
Mesmo assim, vejo muitos escritores e terapeutas falando (e inclusive ensinando, o que mais me preocupa) a acabar com o sofrimento. Contudo, sofrer faz parte da vida. Se negamos o sofrimento, paradoxalmente, acabamos sofrendo mais, pois ficamos tentando achar soluções para nos precaver de situações que nos façam sofrer. Isso gera mais sofrimento, porque não podemos antecipar tudo que acontecerá em nossa vida.
A pessoa que tanto amamos pode vir a morrer, podemos perder o emprego, não conseguir alcançar tal objetivo, etc. Não existe nada que nos garanta que essas coisas não acontecerão. Se evitamos o sofrimento, sofremos mais por não conseguir evitá-lo.
Há uma ditadura da felicidade, onde não é permitido sofrer e devemos sempre sorrir e jamais ficarmos tristes. Isso gera atitudes que, inevitavelmente, nos fazem sofrer mais. Contudo, se aceitarmos o sofrimento como uma experiência de aprendizado, como algo que nos ensina e que nos apresenta grandes possibilidades de adquirir uma nova visão, podemos então aceitar que ele existe, que faz parte de nossa vida e que sempre haverá felicidades e tristezas.
Mas que tipo de felicidade devemos buscar?
Gosto muito da definição de Steven Hayes, psicólogo desenvolvedor da ACT, sobre a felicidade. Ele diz que a pessoa deve buscar seus objetivos e valores e viver de acordo com eles. Uma pessoa que quer ser útil para sociedade ajudará outras pessoas, buscará auxiliar os demais. Esse tipo de ação não evitará que haja sofrimento, mas que apesar do sofrimento a pessoa siga em direção a um propósito.
Quando temos um propósito em nossa vida, estamos conectados com nossos valores, com nossos objetivos. Estamos sendo congruentes com nossa realidade interna, com o que nos motiva.
Viver não é negar o sofrimento e fugir dele, mas aceitá-lo e abraçá-lo, para que possamos aprender tanto com as situações ruins, quanto com as boas. Se encontramos nossos valores e objetivos, vivemos então para construção desses objetivos. Mesmo que soframos com esse processo, estaremos conscientes de que é algo pelo que vale a pena sofrer.
Se um homem está construindo uma casa com suas mãos para seus filhos, aquilo com certeza lhe trará trabalho, algumas coisas não sairão como o esperado e ele pode até mesmo sofrer com isso. Entretanto, o valor de trazer conforto e segurança para seus filhos o guia para esse objetivo. Mesmo que sofra, é um caminho que vale a pena seguir.
E você, quer descobrir o seu caminho? Pelo que vale a pena sofrer, para você?
Todo Comportamento Reflete uma Condição: Saber Distinguir Pode Oferecer Soluções para a Remodelação Pessoal A…
Exposição de Crianças Superdotadas nas redes sociais é excessivamente superior no Brasil do que em…
Halloween: Como o nosso cérebro interpreta o medo? Os sustos e o medo são processos…
Dia do Professor: Profissional que criou método inovador explica o que deve ser transformado na…
Baixa motivação diurna: como metas diárias podem ser a chave para regular o humor e…
A Complexa Relação entre Psicopatia e Inteligência: Reflexões a partir da Neurociência e da Ficção…