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Dizer não, não é egoísmo, é um ato de amor-próprio!

Aprender a dizer não é um ato de amor-próprio.

Todo o excesso é prejudicial. Ser positivo sempre ao dizendo sim para tudo e para todos faz mal.

É muito fácil dizer sim.

Sim é uma resposta cômoda e fácil, que vem programada pela educação recebida por nossos pais desde a mais tenra idade.

Crescemos e ficamos condicionados a dizer sim sempre, como sinal de respeito às autoridades, aos mais velhos, às pessoas que amamos, aos nossos pais e às pessoas em geral.

Vem embutido no DNA, ao ver nossos pais no dia-a-dia de suas vidas profissionais e pessoa l ao vê-los sempre dizendo frases do tipo: “o cliente sempre tem razão,”, “o chinelo acompanha o pé”, “deve-se respeitar os mais velhos, aos professores, à autoridade, ao marido, aos pais e à todos”.

Crescemos ouvindo um monte de respostas prontas, entre elas: o “sim senhor” e o “sim senhora”.

Seguimos o exemplo de nossos pais ao ver suas vidas impecáveis, o que era causa causa de admiração e respeito na sociedade.

Crescemos e seus ensinamentos nos acompanham desde sempre e nem nos damos conta que o mundo muda.

Ao sermos criados num ambiente saudável e rodeados de pessoas boas e envoltos de muito amor e carinho, acabamos achando que isso será a regra.

Crescemos e esquecemos que toda regra tem exceção.

Crescemos e continuamos a dizer sim para tudo e para todos, com exceção ao uso de drogas e ao excesso de bebida alcóolica.

Crescemos numa redoma de proteção.

E quando nos tornamos maiores e donos do nossa própria vida, saímos para o mundo, levando toda a bagagem aprendida com nossos pais e que faziam parte de nosso convívio limitado.

Saímos da casa de nossos pais e nossa vida se transforma da água para o vinho.

Saímos da casa de nossos pais, maravilhados com a liberdade de sermos donos de nosso próprio nariz.

Sentimos orgulhosos de nós mesmos de termos finalmente conseguido com muito esforço e dedicação aos estudos, um serviço e com isso nossa independência financeira, que nos permite ter o que mais desejamos, sem ter que passar pelo constrangimento e pela dor de pedir dinheiro para nossos pais, percebendo que suas contas estão na ponta do lápis.

Crescemos e ficamos felizes de pagar a faculdade, o ônibus e os livros, sem ter que ouvir todo mês a mesma frase:

“Aí meu Deus, será que vou ter dinheiro para pagar a escola no mês que vem?”, “não tenho dinheiro para comprar o livro, mas a gente dá um jeito”, “Dinheiro para comprar batom? Não. É supérfluo”, “Dinheiro para comprar uma roupa diferente (sem ser a calça jeans e a camiseta branca de sempre para ir para a catequese, onde todas as meninas iam arrumadinhas com umas roupas lindas). Não. Não tenho dinheiro.”.

Ao termos nosso próprio dinheirinho e continuar morando na casa de nossos pais não tem nada melhor. Conseguimos ter tudo o que queremos e ainda sobra um dinheirinho para guardar.

Não temos que falar as despesas da casa, podemos ter tudo o que sempre queríamos e só de não ter que pedir mais dinheiro já é um alívio.

Nosso círculo limitado de pessoas se amplia.

Conhecemos muita gente e de todo tipo e estilo.

Mantemos nossa essência de inocência.

O excesso de bondade, de submissão e obediência, deixa de ser uma coisa boa, para ser fonte de sofrimento, ao dar margem para todos te explorarem e montarem em cima.

Ao sairmos da casa de nossos pais, mais uma transformação.

Tudo muda novamente e passamos a repetir a padrão de vida de nossos pais. Passamos a ter outras despesas para manter nossa casa e já sofremos limitação novamente para termos as coisas que desejamos.

A partir de então, as contas já passam a ser na ponta do lápis e as mesmas respostas dadas pelos nossos pais passamos a dar para os nossos filhos. Então, percebemos o quanto é sofrido não poder dar tudo aquilo que nossos filhos querem.

Vamos levando, pelejando, estudando mais para ver se as coisas melhoram.

Como é difícil o dizer não.

Passa a ser a arte do saber dizer não.

Um processo doloroso, que leva-se anos e anos .

Um sofrimento diário.

Uma construção lenta e gradativa, um tijolo por vez.

Vamos vivendo, sempre dosando a água com o fubá e vivemos no anonimato. Somos mais um na multidão e ninguém nos enxerga. Pelo menos neste último aspecto é uma vantagem, um sossego.

Finalmente depois de muita luta e desafios vencidos, as coisas começam a melhorar, o sobrar um dinheiro para realizar pequenas coisas que desejamos é uma dádiva e como é bom poder viajar de vez em quando, comer algo diferente, comprar uma roupa diferente, poder pagar a faculdade dos nossos filhos. Ficamos iluminados de alegria. Realizados.

A partir daí tudo muda novamente, do anonimato passamos a atrair os olhares.

Em contrapartida, nossa paz e sossego acabam, passamos a ser observados o tempo todo. Nascendo nos outros uma necessidade de provar de que não somos perfeitos.

Novidade para os outros, pois só nós mesmos para sabermos o quanto foi árdua nossa caminhada de uma vida inteira.

Nada foi perfeito e muito menos nós.

Não nascemos prontos.

Caímos sozinhos várias vezes e levantamos sozinhos várias vezes, principalmente quando somos nada de importante para os outros.

Uma correria só para corremos ao encontro de nossos objetivos.

Toda caminhada longa e árdua desgasta e como cansa.

E como não podia ser diferente, tudo muda, menos nossa disposição para dizer sim, que continua firme.

Sim! Sim! Sim! Sim, sempre.

Um veneno para nós mesmos. Uma arma invisível e silenciosa que vai nos matando aos poucos.

A ponto de irmos perdendo tudo que mais amamos.

Até o ponto de ficarmos perdidos.

O que nos leva a travar diante de um medo que chega a tomar conta.

O parar, nos faz refletir e ficamos apavorados de perceber quantas pessoas traiçoeiras e más existem no mundo.

O não ter tempo a perder em virtude de um objetivo maior na vida, vamos deixando passar batido várias situações de desrespeito e atentados que nos levaram ao sofrimento extremo, pelo simples fato de sermos permissivos.

O dizer sim para tudo e para todos, passa a virar rótulo e dessa firma fica muito fácil das outras pessoas conseguirem o que bem quiserem e o pior usando a lei do menor esforço.

Por culpa exclusiva da gente mesmo, ao abaixar a cabeça e ir concordando com tudo e todos.

Por causa nossa covardia de não aprender a dizer não, o povo acaba montando em cima.

É impressionante como é confuso, que chega a ser insano e insalubre.

Quando você consegue finalmente chegar na linha de chegada dos objetivos almejados, acaba atraindo os olhos grandes e o que não falta são as rasteiras para te derrubar.

As puxadas de tapete faz com que você caia feio, bem como, é o que faz você não conseguir levantar mais sozinho.

As vistas escurecem e você fica sem chão e a súplica a Deus por socorro, faz com que apareçam várias pessoas dispostas a te ajudarem a levantar.

Da mesma forma que existem muitas pessoas ruins, existem muitas pessoas boas.

A compaixão faz com que recuperemos as forças e com isso tudo fica claro.

Aliás, tudo fica mais claro.

Duas cabeças, três, quatro pensam melhor que apenas uma.

Fica mais fácil fazer um checape apurado do que está acontecendo conosco e ao nosso redor.

Aquela sensação de estar ficando doida é trocada pelo cair na real, de que a nossa postura permissiva do dizer sempre sim é que tem levado as pessoas a fazerem o que quiserem conosco, a ponto da nossa identidade se perder, causando assim feridas na alma.

Essa conscientização do real nos faz abrir o olhos, bem como nos faz quebrar a armadura do sim.

Passamos a ficar mais reflexivos.

Não podemos falar sim para tudo e nem para todos.

Temos que analisar primeiro e nos perguntar: É bom para mim? Se a resposta por afirmativa, então devo dizer sim. Se a resposta por negativa, devemos dizer não. E se mesmo com o meu não, a pessoa insistir, devo procurar meios legais para lutar pelos meus direitos.

O auto conhecimento é importantíssimo para o nosso amadurecimento.

Quem gosta da gente é a gente mesmo.

Amor próprio sempre em qualquer área da vida.

A arte de dizer não deve se construída.

Amor próprio sempre em qualquer área da vida.

Cultive essa ideia.

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Idelma da Costa

Idelma da Costa, Bacharel em Direito, Pós Graduada em Direito Processual, Gerente Judicial (TJMG), escritora dos livros Apagão, o passo para a superação e O mundo não gira, capota. Tem sido classificada em concursos literários a nível nacional e internacional com suas poesias e contos. Participou como autora convidada do FliAraxá 2018 e 2019 e da Flid 2018.

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