A rotina de esperar algo ruim, sonhar proporcionalmente ao medo e se isolar do mundo
Você já ouviu a palavra “Catastrofizar?” Se não ouviu não tem problema, pois eu a conheci há pouco tempo também. Ela significa a atitude de esperar sempre o pior e se apegar as coisas negativas de qualquer situação. É como se houvesse dentro do peito da pessoa que age dessa forma uma tendência a detectar detalhes com características desagradáveis e se agarrar a elas como se fossem seu bote salva-vidas no meio de uma tempestade em mar aberto. Um peito que abriga uma bomba-relógio feita de ansiedade que está prestes a explodir, pois está esperando somente uma oportunidade de algo dar errado para poder espalhar pelo ar seus destroços. Mas sabe de uma coisa? Eu sou assim. Eu sou essa pessoa com a ansiedade afundada dentro do coração e que tem uma enorme facilidade em procurar o que é ruim, o que é errado e desagradável.
Todavia, eu não me sinto bem em ser esse tipo de pessoa e certamente você também não se sente bem caso viver desse modo. Se for aquele alguém que é conhecido como o pessimista e que se desesperada por coisas pequenas. Se for a pessoa que tem medo de tomar decisões justamente por causa das possíveis consequências ruins que podem aparecer, e que por isso não quer correr riscos, nem se aventurar e evitar pôr o pé em um chão desconhecido. É aquele ser humano que construiu sua casa em uma zona de conforto e que não quer sair de lá seja em dias de sol ou de chuva. É alguém nervoso e extremamente preocupado, sempre pensando no amanhã e o que será de sua vida daqui a dez anos. Sofre por antecipação, chora por coisa qualquer e se entristece facilmente, por isso todos os dias vive picos extremos de uma aparente felicidade e logo depois se joga no fundo de um poço da aonde se recusa a sair.
O mais estranho em mim, que sou esse tipo de pessoa, é que o medo é proporcional ao tamanho dos meus sonhos. Quanto mais eu quero, mais eu planejo, mais eu invento, mais o medo me domina e diz para mim que tudo aquilo é bobagem, que não irei conseguir mesmo se tentasse e que quebrar a cara é quase uma certeza, mas isso é uma mentira que quer me parar. E também outra característica é que por causa disso me tornei um tanto antissocial, fechada, escondida em mim mesma, porque não sei como as pessoas reagiriam se conhecessem o meu ‘eu’ verdadeiro e vissem que há tanto aqui dentro que elas poderiam se afogar caso tentassem conhecer tudo. Pois há um universo que carrego na alma, mas não deixo que contemplem as estrelas, porém permito que vejam meus buracos negros para que elas possam justamente se assustar e desistirem de mim. Mas isso não é bom porque torna o ambiente a minha volta silencioso, solitário e frio.
Entretanto, há algo que aprendi nos últimos meses e que está começando a trazer um pouco de luz para essa escuridão, deixando que o calor do sol derreta um pouco esse inverno pelo qual estou passando há tanto tempo. O aprendizado foi através da Pessoa do Espírito Santo e que não é necessariamente ruim ser uma pessoa que prefere um lugar tranquilo do que multidões, festas e barulhos, e que passar longas horas sozinhas todos os dias me proporciona momentos aonde irei me conhecer melhor e refletir sobre meu dia, meu futuro e planos. Que não sou o tipo de pessoa que apenas assiste o mundo a sua volta e absorve, consome e repete comportamentos, mas que prefere a espontaneamente de ser ela mesma apesar disso não chamar a atenção de muita gente. E outro lado bom é que isso me torna mais consciente dos meus erros e defeitos, acabo vivendo constantemente em um processo aonde Deus poda meus galhos e arranca do meu ser raízes de ervas daninhas, pois elas me impediriam de florescer.
Porém, há também outro grande aprendizado: não posso continuar morando no deserto. Por mais que eu tenha me apegado a esse estilo de vida aonde não sou vista e que minha voz quase não é ouvida, preciso entender que aquilo que está acontecendo dentro de mim, as minhas mudanças através das experiências desagradáveis e meu amadurecimento por meio da dor, não podem ser escondidos dos outros, pois no meio da multidão há muitas pessoas que se sentem como eu e que podem estar perdidas nelas mesmas. E talvez você seja mais um ou uma assim como eu que não se sente á vontade consigo mesmo porque a maioria das pessoas não gosta da sua companhia, mas a verdade é que eles não te compreendem. Eles não veem o seu brilho, a sua leveza, a sua alma bonita e cheia de vida. Eles só buscam o superficial e você é tão profundo que eles têm preguiça de nadar no meio da sua imensidão. Por isso eu digo para você amar quem é, mas tendo a plena consciência de que assim como eu tem algo a mudar, a melhorar e até a arrancar.
Portanto, não se feche no seu mundo particular ao qual pintou de cinza. Eu sei como é viver numa espécie de gaiola e impedir a si mesmo de voar enquanto seu coração queima de desejo em passear pelo céu azul. Eu sei como é viver com medo de mostrar o seu lado bom e bonito porque se sente menor, sem sentido e insignificante, mas você precisa entender que há alguém que amará esse teu jeito e que espera ansiosamente te ver voar. Por fim, o que eu não poderia deixar de dizer é que nem eu e nem você somos um problema, somos apenas diferentes. Mas se nós começarmos a falar mais, a nos abrir mais, a nos permitir mais, há uma grande chance dos outros nos verem e gostarem do que estarão vendo. É um risco? Sim. Eu também tenho medo, muito medo, mas eu aprendi também que fui criada por Deus para me relacionar, primeiro com Ele e depois com os outros, e que me isolar e viver sem amor vou acabar ficando doente, pois a solidão perpétua fere o motivo da minha existência, por isso ela dói tanto. Por causa disso Deus quer nos levar para mais perto Dele e dos outros. Vem, pegue minha mão que iremos voar.
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