Tem gente que não gosta né. Nem de Natal, nem dos festejos pela chegada do Ano Novo.

Eu gosto. Então escrevo para que você que ainda não gosta, para que passe também a gostar.

Em primeiro lugar vamos deixar uma coisa bem clara aqui. A grande maioria das pessoas que reclama das festas de final de ano costuma reclamar de quase tudo. Não gosta de aniversário, nem da Páscoa, nem de festa nenhuma. Quem não gosta de festa deve estar sofrendo de chatismo ou coitadismo.

Sim, porque a velha história de que não se quer comemorar porque está triste, por isso ou aquilo é desconsiderável.
Todos nós temos motivos para estarmos chateados com algo. A perda de um emprego, a partida de um ente querido, alguém que está doente, a situação do país. Como diz o velho ditado: a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional.

Quem for esperar uma vida plena para comemorar vai passar pela vida sem festa. As comemorações e confraternizações existem para celebrarmos apesar de. Sempre é apesar de. Nada está sob controle nesta existência e tudo está instável. Não existe segurança nem tampouco a sonhada e ilusória homeostase que se imagina ter.
Por que comemorar?

E por que NÃO comemorar?

Para que alimentar o lamento ao invés de cultivar tudo de bom que existe – apesar de?

Será que há mesmo motivos para tristeza?

E se há, olhe bem porque haverá também motivos para a alegria. Ninguém é completamente triste. Nenhuma vida é feita só de fardos. E quanto a eles, carregue-os com a mesma gratidão que carregas as coisas boas que a vida também lhe deu.

Ganha a batalha o lobo que alimentarmos, não é assim que dizem? Se o bem-estar ou o mal-estar existem – você pode escolher, e o resto da música é este mesmo. Tem que saber viver.

A história dos lobos diz que há um lobo bom e um lobo ruim dentro de nós e que vencerá a guerra quem for mais e melhor alimentado. Eu acredito que o grande alimento do lobo ruim em questões sobre festas de fim de ano seja o TRAUMA.

Há sempre na vida um ou outro evento que possa ter feito das festas de fim de ano um momento não tão perfeito.

Um presente que deixamos de ganhar na infância, uma briga de família, a perda de alguém por perto desta data.

Quando eu era criança, lembro-me que minha mãe perdeu seu tio mais querido perto do ano novo e desde então passou a alimentar esse lobo da tristeza – enquanto isso aquele tio bacana e irreverente de nome grego deve estar achando isso muito chato. Por que não alimentar o lobo bom das lembranças e da alegria que ele tinha e ficar alimentando o lobo do trauma da perda? Um dia de dor pela ida dele apagou uma vida de convívio afetivo? Não deve ser assim.

As festas de fim de ano ficam muito felizes se pararmos de alimentar os nossos traumas e investirmos em tudo de bom que nossa vida tem.

Desde montar uma pequena árvore, ou caprichar na decoração de Natal, não deixe passar em branco. Passe em branco, verde, vermelho e dourado, ou melhor, em todas as cores que piscam.

Não passe as festas de fim de ano sozinho, impregnado pelas coisas ruins que fazem parte da vida de todos que estão lá preparando a ceia, os presentes, os bons desejos e a fé em um ano sempre melhor. A vida de quem se dedica a ser feliz torna-se realmente mais alegre. É só “botar reparo”.

Lembre-se também de tomar aquele cuidado bacana com o que sai da sua boca, já que nas festas o que entra é sempre muito gostoso. Nada de falar coisas ruins, de verbalizar lamentos, decepções e aquele velho chavão: “Detesto fim de ano”. Quem detesta fim de ano costuma detestar o começo e o meio também. Detestar é vício.

Há sempre algo a fazer, a melhorar, a mudar. O comércio existe, existe sim, inclusive existe o ano todo. Ser consumista ou não também é uma escolha, seja em datas comemorativas ou não. Se gasta tanto com remédios não é mesmo? Em impostos e em produtos de limpeza então? Por que não investir em um pequeno enfeite de Natal ao invés de ficar de mimimi? Custa baratinho e ninguém passa despercebido a luzes piscando e guirlandas coloridas.

Em um mundo cada vez mais solitário, meus desejos para o Noel este anos são dois. Um é segredo e o outro é: um Natal e uma passagem de ano bem feliz e de superação dos traumas de todos os que ainda têm pavor desta época.

Quem sabe o menino Jesus consiga virar a chave dos que ainda não entenderam que é preciso muita, mas muita pro atividade para que façamos de cada dia, de cada hoje, de cada Natal, Páscoa, Réveillon e demais festas em um dia feliz. Seja com a família pequenina ou imensa, seja em poucos ou em muitos amigos; por favor, passem as festas em bando.

Seja na praia, em casa ou viajando. Seja qual for a comida que estiver sobre a mesa, vamos deixar a magia vir. Ser feliz é uma escolha que se faz todos os dias.








Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura...