Meses atrás, eu me encontrei com uma pessoa relativamente próxima a mim, a quem falei como estava contente por ter-me mudado de casa. Por motivos que me fugiram à percepção, deixei que minha alegria fosse cuidadosamente investigada. Respondi, meio automaticamente, a várias perguntas sobre meu novo lar. Eu disse que era uma casa clara, arejada e aconchegante. A pessoa me interrogou sobre a quantidade de quartos, o tamanho da cozinha…
E as perguntas não acabaram até que ela me perguntou se havia armário no banheiro. Senti que faltou gritar “bingo!”, e soltou uma frase que descrevia como era terrível a ausência daquele mobiliário. Eu, já acostumada e adaptada ao novo e espaçoso banheiro, senti que as afirmações sobre conforto e aconchego já não encantavam nem satisfaziam a outra pessoa. Nem sequer falei da vista, de como a Lua é bonita despontando atrás do morro que fica bem à minha vista.
Encerrei a conversa e fui, sentindo minha alegria pela mudança ser temporariamente diminuída pela conversa anterior, mas logo se tornou perceptível que isso não era motivo.
Só eu sabia a alegria e o alívio de ter me mudado de uma casa escura e úmida ou como tinha sido gratificante embalar meus objetos e transportar para o meu novo endereço e, ao fim do dia, sentir-me em um lar de verdade.
Isso foi capaz de revelar em mim uma verdade: só eu sei, só eu sei das minhas lutas, das minhas dores, dos meus desejos e de toda e qualquer outra coisa que se passe comigo. Posso contar tudo isso para alguém, dividir com amigos e familiares, mas a fundo mesmo, só eu sei.
Não é preciso ser nenhum cientista para revelar que nem todos se alegram com nossa alegria. Cada um de nós poderia facilmente revelar uma ou outra história sobre como as vitórias não foram bem recebidas por uma pessoa próxima, a quem se confiou contá-las.
É possível dizer que nem todos fazem por mal, algumas pessoas simplesmente não entenderam como é bom e importante se colocar no lugar do outro. Algumas pessoas ainda não perceberam como é bonito sentir como o outro sente e responder a isso, valorizando e incentivando quem confia histórias a seus ouvidos.
Há, claro, certa maldade também. Há aquelas pessoas que não se contentam em ouvir relatos felizes ou bem-sucedidos, cuja vontade é captar as novidades apenas para si e valorizar apenas o que acontece à sua sombra. São inimigas, às vezes, pobremente disfarçadas, que apenas fingem contentamento ao ouvir histórias felizes.
Embora seja lamentável, ainda há a necessidade de convivência. E, com um pouco de cautela, é possível conviver com toda essa negatividade.
Mas, para que a convivência seja possível, jamais dê às outras pessoas poder para mensurar suas conquistas. Só você sabe das dificuldades que enfrentou. Ninguém saberá medir seus esforços e quanta energia você empenhou para que algo bom viesse a acontecer em sua vida. Não se meça pelos valores dos outros.
Não se frustre com a falta de alegria por suas vitórias, tampouco se decepcione com a falta de apoio a seus projetos e novas ideias. Poucas pessoas chegarão a saber realmente o que é importante para você, assim como poucos saberão como você se sente frente aos obstáculos que enfrenta ou conhecerão os medos que o atormentam madrugada afora.
Portanto, jamais se limite tendo por base essa falta de “apoio”. Comemore, ria, celebre e sinta-se bem, sejam grandes ou pequeninas as suas vitórias. Cada passo seu deve ser valorizado, se você está caminhando para se tornar cada dia mais feliz. Suas realizações são e sempre serão importantes.
Não deixe que ninguém, em momento algum, apague o brilho de nenhuma delas.