Ela exala desapego. Sempre teve uma facilidade nata em seguir em frente.
Muitos amigos diziam que ela não tinha coração. Que ela não era normal. Ou até a chamavam de “free spirit’’.
Mas o que provavelmente nenhum deles entendia, é que ser normal, tem um conceito diferente para cada um. Ser normal para uns, era estar casado com 20 anos, enquanto ela descobria a vida e decidia em que cidade morar. Ser normal para outros, era estar em uma mesma faculdade por cinco anos, enquanto ela decidia onde se aventurar no próximo curso fora.
Já aqueles que a chamavam de “free spirit” também não compreendiam que ela via isso como um dos melhores elogios. Ela não se feria por ser assim, afinal, a liberdade sempre definiu muito bem o que ela era.
Enquanto via as suas amigas sofrerem por términos, trocarem de namorados mais de duas vezes ao ano e sentirem necessidade de ter sempre alguém para suprir um vazio, ela vivia. Conhecia-se. Em meio ao mar de solitude que decidiu mergulhar, ela conhecia um novo mundo dentro de si. Desapegada. Livre. Leve. Feliz.
E, não! Ela não era esse gelo todo que muitos achavam. Esse era o ponto de vista de quem ela não permitia conhecê-la a fundo. Seu coração não era de pedra.
Se fosse, não teria sentido tanta dor como já sentiu. Contudo, se não passasse por tudo que já passou, não seria tão forte.
Dentro dela tinha uma menina meiga e cheia de sonhos. Com um amor pela sua família e por crianças, que não cabia no peito. Talvez o que a diferenciava de muitas outras era seu amor próprio, sua força e coragem em reconhecer e deixar o que não fazia bem.
Talvez, por já ter se entregado, já esteve vulnerável por algumas vezes e até sozinha. Mas ela logo ergueu a cabeça, entendeu o que estava acontecendo e o que ela merecia. Deu de ombros. Seguiu em frente.
Doce, protetora, amorosa. Nem exposta, nem vulnerável, nem medrosa.
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