As nossas emoções são reações inconscientes e respostas para estímulos externos, enquanto os sentimentos são respostas às emoções, ou seja, uma espécie de juízo sobre as emoções. E ambos têm movimentos diferentes para o psiquismo.

As emoções recebem um “feedback” do sistema nervoso aos impulsos exteriores, tais como o riso ou choro, medo ou alegria. Já os sentimentos são duradouros e fáceis de ser escondidos, mas exibem o que sentimos diante de uma emoção.

Os sentimentos estão ligados ao corpo e as emoções fazem parte da mente. Ter conhecimento desse processo psíquico nos permite movê-los para fora do inconsciente, servindo para nos preservar nas situações boas ou ruins, como forma de evitar adoecimento. Por isso, a catarse emocional exerce uma função libertadora, interpretando os desejos que reprimimos dentro de nós.

O avesso das emoções e dos sentimentos é o sentimentalismo vulgar, que “eclode” de modo histriônico nas telenovelas, nos programa de auditórios, nos filmes, nas relações entre casais, nas palestras, nos cursos, nos discursos políticos e nos grupos religiosos, que nutrem os fregueses famintos de emoções.

Essa sentimentalidade, em função da sua artificialidade, cai na “vala comum” do esquecimento. Além disso, tudo vira show e as pessoas ficam hipnotizadas, achando que irão se tornar “power”, “golden” e “master” em sucesso e felicidade. Mas é onde o juízo crítico se atrofia e as atitudes em relação ao mundo acabam assumindo um caráter de prosaísmo.

O sentimentalismo é o inculcamento que vem de fora, como um método de eliminação da espontaneidade e da substituição dos atos psíquicos originais – pela padronização – dos desejos banais. Confunde emoções e sentimentos despretensiosos com a pieguice e a espectacularidade, negando que a autenticidade fosse realmente nossa.

Assim, as nossas emoções e sentimentos são desencorajados pela modernidade líquida, que impede o crescimento de qualquer relacionamento autêntico. Aliás, um imediatismo que busca anular o nosso microcosmo, inibindo as ações criadoras e resilientes.

Porém, temos todas as condições de desenvolver as nossas emoções e sentimentos, partindo da premissa do “conheça a ti mesmo”, um dos mandamentos fundamentais do budismo, do cristianismo e da psicanálise, que tem como objetivo à nossa felicidade.

A catarse emocional, orientada por psicoterapeutas e espiritualistas qualificados, não nos torna fracos, mas nos faz humanos, pois como disse Freud: “Olhe para dentro, para as suas profundezas, aprenda primeiro a se conhecer”.

Portanto, o segredo para conhecer a si mesmo não é uma tarefa fácil e requer uma trajetória de experiências e vivências. Mas, Freud reforçou que o caminho em direção ao autoconhecimento é essencial para obter êxito na vida, sem renunciar a nossa espontaneidade em adesão ao sentimentalismo, que coloca a mente, o corpo e alma em estado de morbidez.

Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista








Sociólogo e Psicanalista