Em tempo de amores instantâneos, solúveis e descompromissados, pode até parecer inadequado ou fora de contexto pensar ou sonhar com uma história que dure para sempre. Afinal, para sempre é tempo demais, não é? E, para ser bastante honesta, cá entre nós… amores-perfeitos são só mesmo aquelas florzinhas graciosas e coloridas que brotam por aí, e olhe que elas nem duram tanto assim.
Mesmo assim, ouso propor aqui uma rebelião. Um levante coletivo em favor dos relacionamentos que esperam da gente um tanto de compromisso, outro tanto de esperança, mais um punhado de dedicação, uma pitada de ousadia e muita, muita disposição para ver além do óbvio, sentir além do modelo formatado e viver uma história que não seja confinada às redes tão traiçoeiras das expectativas.
O amor romântico é um dilema. Nenhum de nós nunca estará pronto, preparado ou concluído para vivê-lo, sem ganhar em seu percurso alguns arranhões, marcas e até profundas cicatrizes. Amar é uma aventura para dentro de nós que explode a gente para fora, em todas as direções, uma viagem cujo destino ignoramos. Uma viagem, cuja paisagem perde importância diante da maravilhosa experiência que é essa indescritível sensação de sentir-se diluído, absorvido, misturado com outro alguém.
Sendo assim, em nome de uma coisa que nos arranque do frio dos dias sem cor, que venham os amores, entre amigos, entre pares, entre irmãos, entre toda a gente. Que o sentimento seja mais importante do que os motivos que o justifiquem. Que a gente perca essa mania de ficar idealizando tanto tudo, a todo momento, a ponto de não ser mais capaz de achar graça numa tarde à toa passada nos braços de alguém. A ponto de perdermos a capacidade de rir até que os olhos lacrimejem. A ponto de não ser mais possível perder o juízo e pôr a razão para dormir por uns minutos, horas ou anos.
Para sempre é só uma definição tola que inventamos para colar uma etiqueta nas coisas que, por nosso decreto e determinação, não podem ter fim. Que tolice! Os fins são maravilhosos! O nascimento de um filho é o fim da gestação! O pôr-do-sol é o fim do dia! O gozo é o fim de uma dança de corpos, e bocas e línguas absortas unicamente no prazer! Durar para sempre não quer dizer, absolutamente, que seremos perpetuados naquele instante em que o amor nasceu. A gente se transforma em outra gente, a cada dor, a cada alegria, a cada agonia, a cada mínimo segundo de vida acolhida, sorvida e assimilada. Os amores também se transformam. E nessa transformação, a gente vai descobrindo outras possibilidades de sentir, a dimensão do tempo perde completamente a importância.
E, desde que esse amor tenha sido vivido com todos os pequenos e grandes sustos e acomodações da nossa alma, uma hora pode ser para sempre, um dia pode ser para sempre, muitos anos podem ser para sempre, além da vida pode ser para sempre. Porque um amor vivido, ainda que termine, vai viver para sempre dentro da gente!
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