Eu quero um amor que saiba ser só. Com todas as vírgulas que isso possa representar. Um amor que não precise de mim, porque precisar é verbo frio demais e não arbitrário. Eu quero um amor que saiba ser só, que não precise de mim, mas que queira estar. Querer, é este o verbo que escolho. Que estejamos juntos apenas enquanto quisermos.
Um alguém que sabe estar só, não usa o outro como forma de fugir de quem se é. Alguém que sabe estar só, não sente necessidade de se entregar a outra pessoa no primeiro desentendimento do casal. Alguém que sabe estar só, não se refugia em festas e farras intermináveis, pois já aprendeu a lidar com si mesmo.
Uma pessoa que sabe ser só, só entrará em um relacionamento se tiver sentimento e segurança o suficiente para tal. Caso contrário, esse alguém permanece sozinho. Eu não quero um amor frágil, que se estremeça em qualquer ventania. Uma pessoa forte não há porque querer um amor fraco.
Eu quero um amor que já se doeu por outros amores. Porque a dor nos ensina. E nos forja. E nos amadurece. Hoje eu sou mais madura também. Eu quero um amor que já amou antes e que foi feliz. Eu hei de respeitar o seu passado, as suas fotos antigas, hei de deixar as suas lembranças intactas porque eu sei que o que ele viveu faz parte do que ele é. Não se apaga o passado. Aprende-se com ele.
Que ele respeite o meu passado e a minha história também. Então eu quero um amor que tenha um passado, mas que esteja ao meu lado em um mesmo presente. Que sejamos presentes um para o outro em toda a variedade de significados que essa palavra possa representar. E que esse presente almeje um futuro para que possamos concretizar a palavra “continuar”.
Eu não quero um amor que esteja comigo apenas quando mais nenhuma opção restar. Mas que opte por estar comigo mesmo tendo outras opções. Um amor que não esteja comigo porque não saiba estar só. Mas que tenha aprendido estar só, a gostar disso, e ainda sim queira ao meu lado estar. Porque é somente sabendo ser só é que podemos ser um bom par.