Eu sinto amor por você, sim. Amo você e faço gosto desse amor. Mas não é só gosto, não. Gostar é muito bom mas é muito pouco.

Sei lá. Eu acho que gostar é só um pedacinho bonito do sentimento amoroso. Fosse o amor um canteirinho apertado de ervas e flores, gostar seria uma flor miúda nascida entre o pé de hortelã e o capim-santo, uma muda de azedinhas, uma família de tatus-bola, um grupo de formigas carregando folhas nas costas, um passarinho livre que vem beliscar a terra buscando comida. Gostar é toda substância viva que possa existir em paz no terreno do amor. Só um bocadinho importante do jardim, vivendo simplesmente em seu espaço generoso. Gostar cabe dentro do amor com folga.

Mas o amor é muito mais do que gosto, né? O amor abraça generoso tanta coisa! Até gostar. Eu gosto da sua companhia. Aprecio a sua presença no mundo, sinto uma gratidão do tamanho de um elefante caminhando lento e cuidadoso ao meu lado, quando você está perto.

Fico triste quando você sofre, feliz quando sorri, aliviado quando melhora de uma gripe. Isso é amor também. Gosto de você mas não é só isso. Gostar é pouco. Gostar, eu gosto de paçoquinha. Por gente e por bicho eu sinto amor.

Essa vontade de ajudar você em tudo quanto eu possa. Quem sabe eu retribua um cadinho desse tanto que recebo? Mas bem verdade é que eu faria tudo isso mesmo sem ganhar em troca. Amar é um sentimento livre de qualquer condição. Eu não amo alguém com a condição de ele me amar de volta, não. Amo porque o amor nasceu em mim feito plantinha e eu cuidei da terra, preparei-lhe um canto com sol de manhã e sombra à tarde, reguei-lhe na hora certa. E ele cresceu. É uma planta forte e simples brotando saúde!

O amor que eu sinto por você já fez nascer beleza em mim. Não há o que pague um presente desse. Está justo. Eu sinto amor por você e gosto disso. Eu gosto muito disso!








http://www.revistaletra.com.br/ Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.