Exposição de Crianças Superdotadas nas redes sociais é excessivamente superior no Brasil do que em outros países.
No Brasil, a exposição de crianças superdotadas nas redes sociais e na mídia ocorre em níveis notavelmente superiores aos de outros países. Esta prática, culturalmente aceita e até incentivada em algumas famílias e instituições, pode trazer mais riscos do que benefícios, apontam especialistas.
Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências, diretor da IIS Society e coordenador da Intertel Brasil, o elevado índice de exposição dessas crianças pode, de fato, prejudicar seu desenvolvimento emocional e cognitivo.
Nos Estados Unidos e em países da Europa, há uma consciência crescente dos possíveis impactos negativos dessa exposição excessiva. Nesses locais, tanto as famílias quanto as instituições escolares tendem a evitar a divulgação pública da superdotação, com o intuito de proteger as crianças de consequências que podem ser mais profundas do que o público imagina.
Dr. Fabiano explica que uma dessas consequências é o desenvolvimento do que a ciência chama de “perfeccionismo desadaptativo”. Esse tipo de perfeccionismo ocorre quando o desejo de ser perfeito torna-se excessivo e descompensado, levando ao medo constante de falhar e à aversão ao erro.
O perfeccionismo desadaptativo, ao contrário do adaptativo, que impulsiona o crescimento, tende a estagnar a evolução das crianças, bloqueando o desenvolvimento saudável de suas habilidades.
“Crianças superdotadas são, por natureza, muito conscientes de suas capacidades. A exposição intensiva e a expectativa social podem amplificar seu senso de pressão e o medo de não corresponder”, comenta o Dr. Fabiano.
Além disso, a exposição midiática e digital dessas crianças torna-se um fator que intensifica riscos como exclusão e bullying.
Crianças e adolescentes são sensíveis às diferenças e, em muitas situações, essa visibilidade acentuada gera estigmas.
“A superdotação não é sempre bem compreendida no ambiente escolar, onde o estigma pode facilmente transformar-se em isolamento ou até em bullying, afetando o desenvolvimento social da criança”, explica o neurocientista.
Estudos já publicados em revistas científicas internacionais sugerem que a superexposição na infância pode ter efeitos de longo prazo no bem-estar emocional, principalmente na construção da identidade e da autoestima.
Ao colocar a criança sob holofotes, a família e a sociedade podem inadvertidamente dificultar a busca por uma vida equilibrada e cheia de aprendizado, pois a pressão pelo desempenho torna-se o foco central da infância, uma fase em que a experimentação e o erro deveriam ter papel de destaque.
Para o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, o caminho para um desenvolvimento saudável de crianças superdotadas passa por uma abordagem mais reservada e orientada. Ele aponta que os pais e educadores devem focar em prover suporte e estimulação adequados para o desenvolvimento cognitivo e emocional, mas com cautela para evitar exposição desnecessária e a pressão do perfeccionismo.
*DA REDAÇÃO RH. Foto de Mahdi Bafande na Unsplash
Fabiano de Abreu Rodrigues, PhD, neurocientista, neuropsicólogo, biólogo, historiador, jornalista, psicanalista com pós em antropologia e formação avançada em nutrição clínica. PhD e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida e tem o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; Pós Graduação em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; Pós Graduação em Neurociência, Neurociência aplicada à aprendizagem, Neurociência em comportamento, neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil; Especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, neuroscience em Harvard nos Estados Unidos; bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida e Licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; Especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC. Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814; Membro da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488; Membro da FENS – Federation of European Neuroscience Societies – PT 30079; Contato: [email protected]
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