Se 5 anos atrás alguém me perguntasse o que eu mais queria na vida, eu responderia que queria ter o que eu tenho agora e ser o que eu sou agora.
E eu deveria estar feliz, deveria estar satisfeita, deveria estar realizada. Mas eu não estou.
Por mais que eu tenha alcançado todos os meus objetivos do passado eu ainda me sinto frustrada, fracassada, sinto como se não tivesse saído de um lugar arenoso hipotético onde eu sempre me vejo atolada.
Sinto como se a cada objetivo alcançado, outro ainda maior e ainda mais impossível automaticamente surgisse e então todo o desejo pelo anterior se esvaísse por completo.
Parece que os objetivos só são atraentes enquanto ainda não são alcançados. Porque depois eles perdem toda a beleza.
Esses dias estava lendo uma matéria sobre a depressão e o abuso de álcool e drogas do Matthew Perry. Segundo a reportagem, os amigos próximos estavam preocupados com sua depressão, pois o mesmo se sentia frustrado após Friends, pois sua carreira não havia seguido conforme suas expectativas, principalmente comparado aos outros colegas de elenco.
Não sei da veracidade da matéria, mas isso pouco importa, porque foi ela que desencadeou a maior epifania que eu poderia ter tido nos últimos tempos.
O problema é que a gente sempre quer mais.
Não importa quem você seja e tudo o que tenha alcançado, você sempre vai querer mais do que aquilo que tem.
Você pode até ser Chandler Bing, que ainda te parecerá pouco.
E isso acontece porque a gente comete o erro de se comparar o tempo todo.
Não com nós mesmos, como de fato deveria ser, mas com os outros.
A gente se compara com os outros e então toda a nossa vida parece um mar de frustrações.
E quando a gente se compara com outras pessoas, comparamos com o que conhecemos delas: Apenas um lado. O lado bom. O lado bem sucedido. O lado vitorioso.
E então colocamos no outro extremo da comparação o nosso pior lado. O nosso lado frustrado. O nosso lado insatisfeito. O nosso lado que incomoda.
E sinceramente, comparar frustrações com vitórias é um ato extremamente injusto.
Mas é isso o que fazemos todos os dias com nós mesmos.
Aquelas pessoas, que ao nosso ver, parecem tão bem sucedidas, vitoriosas e felizes, também tem as suas próprias frustrações.
Frustrações pessoais, sentimentais, profissionais, amorosas. Não importa. Mas todo mundo tem suas frustrações.
Por mais que nem todo mundo exponha ou fale sobre elas, elas ainda assim estão lá.
Mas a gente não vê.
E então acreditamos erroneamente que elas não existem.
Acontece então que quando comparamos nossas frustrações com as vitórias dos outros, e acreditamos que esses outros não possuem quaisquer outras frustrações, nos sentimos ainda mais frustrados por acharmos que somos os únicos a nos sentir assim, enquanto todo o resto da humanidade anda feliz e realizada por aí.
Talvez você não consiga enxergar agora, mas pode acreditar no que eu vou te falar: todo mundo está frustrado.
Eu estou frustrada. Chandler Bing está frustrado. A Youtuber com a vida aparentemente perfeita no Instagram está frustrada. O homem mais rico da lista da Forbes está frustrado. A mulher mais linda do mundo está frustrada. A atriz, o cantor, a escritora, o presidente, a sua vizinha, ou quem mais você pensar agora, também está frustrado.
Ninguém pode escapar dos seus próprios demônios.
E todos tem os seus.
Precisamos aprender a não nos comparar com os outros. Cada pessoa tem o seu próprio caminho. Cada um trilha o seu próprio trajeto.
E da mesma forma que cada experiência é extremamente pessoal, as vitórias e as frustrações também são.
Sendo assim, o correto seria nos compararmos a nós mesmos, e não aos outros.
Dessa forma nossas vitórias teriam o devido destaque que merecem. Assim como nossos crescimentos, nossos aprendizados e nossas conquistas.
O sucesso acontece de forma pessoal.
Cada ser humano caminha num passo, numa velocidade e numa estrada única.
Então lembre-se sempre de quem você era ontem, observe quem você é hoje, e orgulhe-se de todo o caminho que você já percorreu até aqui.
Essa é a única comparação que realmente importa.