“O amor que gera é, antes de mais nada, um dom de si” (João Paulo II)
Sabe quando você planta uma semente em um vasinho com tanto apreço que fica contando as horas para que o primeiro pedacinho comece a aparecer? É assim que as mamães esperam seus bebês dentro da barriga. Bom, pelo menos acho que é.
Esse lance de ser mãe é mesmo um milagre da vida. Vida gerando vida. É poesia!
Bom, hoje quero falar das mamães que geram seus filhos em outra parte do corpo: o coração. É neste órgão que a sementinha é plantada e cresce tal qual acontece na barriga. O ser humano é capaz de amar muito mais do que imagina, amar por dentro, amar o que o outro gerou como se fosse seu. Meu Deus!
Pais esperam anos e mais anos na fila da adoção porque a burocracia não leva em consideração as urgências da vida, – das crianças que crescem nos abrigos e dos adultos tão prontos para amá-los.
Esse amor gerado no peito vai além de traços físicos, condições genéticas ou qualquer outra questão. É um amor escolhido para acontecer, com hora marcada, dia e lugar. Amar um filho gerado pelo coração é superar preconceitos, barreiras, imposições, mas, antes de mais nada, é segurar um ser indefeso no colo, olhar para ele e ter a certeza de que é seu desde antes de nascer.
De resto: igual. As mesmas ansiedades, os mesmos problemas, as mesmas travessuras. Não há diferença entre esses encontros, exceto o lugar onde eles começam. Barriga e coração, não tem maior ou melhor, só tem amor. AMOR, letra maiúscula mesmo.
Eu sempre digo que o coração é um ventre onde os que amamos são cuidados. Olha que coisa bonita essa do coração ser um ventre. É possível gerar uma criança lá, dia a dia, mês a mês até que o primeiro encontro aconteça.
Quando o médico tira o bebê do ventre da mãe e ele recosta seu peito pela primeira vez (isso é tão bonito, né?), aquele pequeno ser cala o choro e sente o cheiro daquela que deverá amá-lo e protegê-lo “para sempre”.
E quando a mãe pega definitivamente seu filho no colo, seja no abrigo, na instituição ou em qualquer outro lugar? Ah, meu amigo, quem é que pode imaginar? Ela segura em seus braços aquele que escolheu cuidar, criar, alimentar, educar, amar! Eu vejo anjos ao redor dos dois e uma luz que incontestavelmente vem do andar de cima.
Chega uma hora em que eles vão para casa, mães e filhos, filhos e mães. Independente de cor, sexo, idade, origem ou sei lá mais o que, acredite, esse encontro aconteceu na hora certa, com as pessoas certas e um cordão umbilical extenso, intenso e indestrutível que liga os dois ao lugar mais bonito do corpo (e da alma): o coração.