Hoje em dia as pessoas só fazem o que convêm, nada mais, nada menos, basta observar como elas se relacionam.
Não alimentar expectativas das pessoas parece algo bastante abordado e discutido, não é verdade?
Então porque existem tantas pessoas decepcionadas, solitárias, desiludidas e frustradas?
Onde está o hiato entre a conscientização e a internalização de posturas empáticas em nossos comportamentos na vida prática?
As pessoas ocupam em nossas vidas um papel fundamental, estruturante, posto que para nos constituirmos como seres humanos precisamos dos outros para o desenvolvimento de nossos recursos psicológicos e para o estabelecimento e fortalecimento de vínculos. Em outras palavras, precisamos das pessoas para a formação do nosso “psiquismo”, para a constituição de um ser humano.
Nem que seja apenas com um grupo restrito, uma pessoa ou um animal, o homem precisa de vínculo e afetividade, do sentimento de pertencimento.
Contudo, embora exista a necessidade desta afetividade estruturante e de laços de pertencimento, o ser humano precisa conquistar uma certa independência emocional, sair do posicionamento arcaico e infantil, não alimentando ilusões e expectativas de outras pessoas (principalmente as infundadas) e isto é pressuposto para uma boa saúde mental e equilíbrio psicofísico.
Hoje em dia as pessoas só fazem o que lhes convêm e não quero generalizar que só existam pessoas desprovidas de valores que as norteiam em seus comportamentos e posturas perante determinadas condições. No entanto, mesmo diante de circunstâncias específicas, tenho observado um solipsismo exacerbado.
Pode parecer cruel, mas é a realidade nua e crua. E não precisamos de tanto para constatar esta verdade, basta observar como as pessoas se relacionam hoje, onde elas são protagonistas e os outros são uma extensão para a satisfação de seus “egos”.
Interessante é a contradição que tanto reza da “supressão do ego”, enquanto nos tornamos cada vez mais egoístas, reativos e individualistas.
As pessoas só fazem o que convêm a elas, mas felizmente ainda existem pessoas que pensam no bem comum, que tem empatia e amor ao próximo.
Em uma época em que presenciamos um arsenal teórico de orientações morais, valorativas e filosóficas, de vieses espiritualistas e quânticos, no momento da prática, toda a teoria parece cair por terra, a maioria só faz o que lhe convém, perdemos o compromisso com o outro.
Somos indivíduos, mas não deveríamos ser individualistas.
A percepção que tenho é que estamos em um aglomerado desorganizado, em um caos relacional sem precedentes, sem mãos dadas, num “salve-se quem puder” onde perdemos a estabilidade, a coesão saudável dos nossos relacionamentos, em que não queremos ceder um pouco do lugar individual para o equilíbrio do todo.
Precisamos um dos outros para compartilharmos a nossa felicidade, pois enquanto seres sociais precisamos de companhia, de ternura, de afeto, de socialização por mais que queiramos ficar sozinhos.
Mas, será que de fato ainda existe socialização ou colocamos os outros em uma posição secundária, de pano de fundo, onde somos as figuras principais?
Talvez o vazio existencial que tanto assola a humanidade seja proveniente desta perda de valores e referências em que existiam laços afetivos genuínos com os outros.
Em uma época, queríamos estar com os outros; hoje desejamos ser apreciados pelos outros.
*Foto de Jacob Townsend no Unsplash
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