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Lygia Fagundes Telles se despediu da vida, para viver na história!

Lygia Fagundes Telles se despediu da vida, para viver na história!

A escritora Lygia Fagundes Telles, descansou, e partiu dessa vida aos 98 anos no dia 3 de abril de 2022. Ela parte dessa vida, depois de ter feito história, tanto em seus livros publicados e premiados, quanto como mulher, obstinada e inteligente, criativa e única, que se colocou sempre a frente do seu tempo e resistiu bravamente aos ataques ideológicos e censuras.

Poucas pessoas possuem o privilégio de viver tantos anos, com uma saúde equilibrada e uma mente lúcida, mas Lygia sempre foi diferente, sempre foi um ponto luminoso, mesmo em tempos onde tudo parecia estar escuro demais para escrever qualquer coisa.

Ela ultrapassou os limites da própria história, mas infelizmente, o corpo não resiste ao tempo, porém, a sua obra, sempre será imortal.

A escritora ganhou os prêmios literários Jabuti e Camões, e em 1977 se tornou um símbolo de resistência contra a censura da ditadura militar no Brasil.

E continuará sendo, um símbolo de resistência.

Foi a terceira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1985. Ela sempre foi a frente do seu tempo. Romancista e contista pós-modernista, ela ocupava a cadeira 16 na instituição, que assumiu no lugar de Pedro Calmon.

Uma mulher como Lygia, com a sua história de vida, e toda contribuição literária que nos deixou, jamais será esquecida.

Segundo a assessoria da escritora, ela faleceu em casa de causas naturais, e foi homenageada por inúmeros autores que a admiram e amam.

História que inspira

Lygia nasceu em São Paulo, em 1923 e recebeu o Prêmio do Instituto Nacional do Livro em 1950; Jabuti em 1966, 1974 e 2001; e Camões em 2005 (pelo conjunto da obra).

Sua primeira obra literária foi publicada em forma de contos, Porões e sobrados, em 1938. Mas foi na década de 1970 que a escritora produziu a leva de obras mais importante da carreira: Antes do Baile Verde (1970), As meninas (1973), Seminário dos ratos (1977) e Filhos pródigos (1978).

“Sempre fomos o que os homens disseram que nós éramos. Agora somos nós que vamos dizer o que somos.” Lygia Fagundes Telles.

Ela tinha amigos famosos na literatura, como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e Erico Verissimo. E sem dúvidas é uma das autoras mais impressionantes que já passaram por esse mundo. A sua genialidade é reconhecida internacionalmente, suas obras foram traduzidas em várias línguas, além de existirem várias adaptações de suas obras no cinema, teatro e televisão.

Parece redundância e é, mas uma imortal nunca morre, ela sempre estará viva em cada verso, em cada conto, em cada linha que escreveu.

“Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas.” Lygia Fagundes Telles.

O filósofo Leandro Karnal em referência a morte da colega, disse que só teve a oportunidade de conversar com Lygia, uma vez, e escreveu:

“Morre uma mulher, desaparece uma biblioteca de dados, refulge, para sempre, Lygia Fagundes Telles. Só conversamos uma vez, apesar de sermos colegas na Academia Paulista de Letras. Um cérebro criativo e generoso, uma escritora única. Surge um vazio na cultura. Repouse em paz. Missão cumprida, dona Lygia!”

Passei um tempo refletindo sobre o que escreveu Karnal e conclui que a morte física de um escritor não causa um vazio na cultura, apenas nos faz olhar para a sua obra com mais carinho ainda. É incrível como o ser humano, valoriza mais uma obra póstuma, do que uma obra de um escritor vivo.

No caso de Lygia, ela teve o prazer de receber o reconhecimento em vida, de sentir que o seu trabalho foi honrado, e quando isso acontece, o escritor sempre permanece vivo, nos corações de quem lê.

Ela continuará escrevendo onde quer que ela esteja.

A missão de um autor não se encerra com a morte física, ela começa a trilhar por um novo caminho, o caminho do estudo minucioso dos escritores imortais.

“Ele fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo”. Lygia Fagundes Telles

Em Gatos, Lygia escreveu:

“Não separe com tanta precisão os heróis dos vilões, cada qual de um lado, tudo muito bonitinho como nas experiências de química. Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa … E que interessa o castigo ou o prêmio? … Tudo muda tanto que a pessoa que pecou na véspera já não é a mesma a ser punida no dia seguinte.” Lygia Fagundes Telles

Lygia nos inspirou a assumir a nossa responsabilidade diante da vida, pois estamos em constante evolução. Com o seu poder em palavras nos seduziu ao perdão de não condenar a nós mesmos, nem os outros.

Nossa gratidão Lygia, por sua contribuição na literatura e por seu legado no período em que se aventurou pela vida.

A vida não acaba, se transforma!

Assista o vídeo com a seleção de frases mais conhecidas de Lygia. produzido pela Nota Terapia:

*DA REDAÇÃO RH. Texto de Iara Fonseca, jornalista, escritora, editora de conteúdo dos portais Resiliência Humana, Seu Amigo Guru, Homem na Prática e Taróloga. Para agendar uma SESSÃO DE AUTOEXPANSÃO com a Iara, mande um direct para @ESCRITORAIARAFONSECA

Iara Fonseca

Jornalista, escritora, editora chefe e criadora de conteúdo dos portais RESILIÊNCIA HUMANA, SEU AMIGO GURU e HOMEM NA PRÁTICA. Neurocoaching e Mestre em Tarot. Para contratação de criação de conteúdo, agendamento de consultas e atendimentos online entrem em contato por direct no Instagram @escritoraiarafonseca .

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