Mamãe!
Imaginava-a ali, na cadeira de balanço. De olhos fechados, era possível sentir seu perfume de água de colônia , a maciez de seu colo e recordar a sensação deliciosa do aconchego, da segurança e da certeza de que aquele sentimento seria para sempre.
Já estava velho, alquebrado, doente e sozinho. Passara-se tanto tempo , perdera tantos queridos, que nem sabia mais a sua idade. Há muito não tirava seu pijama de flanela xadrez que, no passado, deixava-o elegante e quentinho. Sentia frio agora, Um frio que lhe doía os ossos.
Mas, Intuía, numa paz profunda que , hoje , a morenice de sua mãe o abraçaria naquele afago, há tempos, esperado.
Sentou-se na cadeira de balanço. Com a ajuda dos pés, balançava-se com delicadeza, quase sem força.
Ouviu suave, baixinho uma voz conhecida que o ninava como no passado.
Seu olhar cansado pela crueldade de tanto tempo , maravilhava -se com a proximidade daquela figura apaixonada
– Mamãe!
Devagar, fecharam-se seus olhos para sempre, num descanso merecido e não mais solitário. Finalmente, havia colo, cantiga de ninar, calor e amor por toda a eternidade.