“Me anulei”. Quando as necessidades do outro importam mais do que as suas
Um relacionamento unilateral, revela codependência quando uma pessoa aceita migalhas de afeto por sentir que o outro, de alguma forma, precisa dela. Existe uma postura de salvadora da pátria ou de vítima que se torna uma espécie de vício entre as partes.
Quando pensamos em vício, associamos ao álcool, drogas, jogos de azar, etc. Mas existe outro tipo de vício, o vício de viver um relacionamento disfuncional.
Um relacionamento unilateral se torna viciante quando existem feridas emocionais não tratadas nas pessoas envolvidas.
Os codependentes não têm um senso de identidade e não reconhecem seu valor inato. Frequentemente, se envolvem com relacionamentos que lhes proporcionam um senso de identidade.
Quem vive um relacionamento unilateral se sente confortável ou digno quando está no papel de ajudante, também conhecidos como facilitador, mediador de conflitos, apaziguador ou bajulador, e seus relacionamentos, na grande maioria das vezes, não são recíprocos.
Eles atendem às necessidades de outras pessoas, mas suas próprias necessidades não são atendidas. Muitas vezes, eles nem percebem que têm necessidades.
A codependência se desenvolve na infância como uma habilidade de sobrevivência. As crianças que crescem em um ambiente saudável têm suas necessidades atendidas. Elas também adquirem uma abordagem equilibrada para atender às suas próprias necessidades e ajudar os outros.
Porém, crianças que crescem com pais que não oferecem um ambiente saudável e não atendem às suas necessidades, aprendem a distorcer a realidade e desenvolvem uma personalidade bajuladora, que aceita agressões emocionais, psicológicas e até físicas e ainda agrada a pessoa que comete esses ações abusivas com elas.
A criança interior que não foi amada pensa: “ Há algo errado comigo ” ou “Não sou importante”. Esse é o tipo de pensamento que leva à resposta bajuladora, já que ela sente a ameaça de não ser amada.
Descubra se você é codependente:
1- Você não sabe impor limites, nem dizer não;
2 – Você precisa de aprovação e reconhecimento, dá esperando algo em troca;
3 – Você se sente bem em ser a “salvadora da pátria”;
4 – Você carrega uma profunda preocupação em relação as pessoas próximas;
5- Você não fala sobre suas necessidades com os outros;
6 – Você se cobra para ser eficiente e competente o tempo todo;
7 – Você justifica as ações negativas dos outros, mesmo quando elas o magoam;
8 – Você faz tudo o que te pedem, mesmo indo contra os seus valores;
9 – Você não gosta de ficar sozinho, se sente inseguro e desprotegido;.
10 – Você é infeliz no relacionamento, mas não termina porque o outro precisa de você;
Como parar de ser codependente
Mudar é sempre um processo desafiador, seja um comportamento, uma profissão, um pensamento, um sentimento ou uma postura, mudar exige comprometimento e ação positiva disciplinada e consistente.
Como mudamos nosso comportamento?
Uma maneira de mudar um comportamento nocivo é substituí-lo por outro comportamento.
Para que você saiba o que é conforto, você precisa identificar o que é desconfortável. Você precisa sentir o desconforto e depois imaginar como seria o conforto, parece difícil de entender, mas não é.
Para aprender a se priorizar você precisa aceitar o fato de que os outros ficarão chateados, desapontados e com raiva de você, afinal, a vida toda você foi de um jeito e a sua mudança não será bem vista por aqueles que se beneficiavam da sua versão antiga.
Não acredite que você é o responsável pelos sentimentos dos outros. Você não é; você só deve se responsabilizar pelos seus sentimentos e, eles devem se responsabilizar pelos sentimentos deles.
Só quando você abandonar essa postura de querer resolver o problema dos outros é que você poderá ter tempo para resolver os seus.
Você precisa aprender a impor limites e dizer não.
Ex: “Não poderei cuidar de seus filhos na próxima semana” é estabelecer limites.
Outra forma seria: “Quando você quiser minha ajuda, por favor, não espere o último minuto para pedir, me avise com antecedência”.
Quando você não sabe dizer não e não impõe limites a mensagem que você passa é que você não consegue identificar, expressar e compreender seus sentimentos e, então, permite que os outros abusem de você.
Aprenda a cuidar de si mesmo.
Não negligencie as suas necessidades. Chegará um ponto em que você estará totalmente esgotado, estafado emocionalmente e, as consequências, não serão boas para a sua saúde física e mental.
Não há problema em sentir medo.
Ser necessária te dava uma falsa sensação de segurança. Desistir disso parece assustador. No entanto, ser independente te levará a um novo patamar de bem-estar, que talvez, você jamais tenha sentido.
Mesmo você sendo mais assertivo e impondo limites as pessoas continuarão a pedir que você faça coisas por elas. Como codependente a sua resposta automática era concordar. Mas após essa análise comportamental que fizemos você poderá ter agora uma oportunidade de repensar essa sua atitude.
Por mais que você pense que a dependência emocional é boa e te traz uma certa segurança, essa sensação não passa de uma ilusão passageira que, na verdade, te agride. E depois, você nem sabe porque se sente tão infeliz.
Quando solicitado a fazer algo por outra pessoa, diga: “Eu preciso pensar e ver se posso fazer isso, te respondo depois”.
Comece dizendo não às coisas para as quais é mais fácil dizer não. Diga não a um vizinho, ao filho que pediu um brinquedo, ao marido que pediu para fazer um prato especial, e faça o que eles pediram quando você sentir vontade e se sentir vontade, não fala nada porque se sentiu obrigado a fazer, só para não desagradar, faça apenas aquilo que você pode, depois de ter feito, primeiro, tudo o que você precisava fazer por você.
Diga “Não” em vez de “Não posso”. Diga “Não quero sair hoje” versus “Não posso sair hoje”.
Perceba que dizer não para uma coisa significa dizer sim para outra. Nesse caso, você está dizendo sim para uma pessoa mais saudável.
Lembre-se de que você não pode agradar a todos. Pegando emprestada uma ideia de Abraham Lincoln, você pode agradar a todas as pessoas algumas vezes, e algumas pessoas o tempo todo, mas não pode agradar a todas as pessoas o tempo todo.
O primeiro passo para você sair de um relacionamento unilateral e começar a se dedicar a si mesmo é entender que as suas necessidades devem ser prioridade, não por egoísmo, mas por autocuidado.
Algumas pessoas podem fazer isso por conta própria, mas muitas pessoas precisam de ajuda, orientação e apoio. A esta altura, você sabe o que direi a seguir – não há vergonha nisso.
Acima de tudo, seja gentil com você mesmo. Procure ajuda profissional e terapêutica para superar a codependência, me mande uma mensagem por direct no @rhamuche.
*DA REDAÇÃO RH. Foto de Semina Psichogiopoulou no Unsplas
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