Você é dominado por uma mente agitada e hiper pensante? O que faz com seus pensamentos perturbadores? Como lida com a ruminação de mágoas ou culpas?
Como reage diante dos fantasmas que assombram sua emoção, como fobias, ciúmes, preocupação excessiva com a opinião dos outros e com o futuro?
Em meu livro Holocausto nunca mais, descrevo os bastidores da Segunda Guerra Mundial, as necessidades neuróticas que controlavam Adolf Hitler e os horrores dos campos de concentração. Mas o que não percebemos é que na atualidade há um campo de concentração na mente humana, construído pelo sistema social e, em destaque, por nós mesmos, o qual nos encarcera, aterroriza e esgota.
Você é verdadeiramente livre no território de sua emoção ou vive apreensivo, atolado na lama das preocupações? Para você, “Não é possível controlar o estresse e encontrar o mínimo de equilíbrio emocional se você se abandona pelo caminho.” O futuro é um jardim de oportunidades ou um campo de estresse que o faz sofrer por antecipação? Não é possível controlar o estres se e encontrar o mínimo de equilíbrio emocional se você se abandona pelo caminho.
Excelentes médicos, psicólogos, professores, executivos, juristas e outros profissionais são ótimos em cuidar de suas instituições, mas podem ser péssimos em cuidar da própria saúde emocional. Nunca se preocuparam em proteger sua memória, administrar seus pensamentos, gerenciar sua emoção e seu estresse. Não entendem que, se a sociedade os abandonar, ferir ou caluniar, ainda será possível seguir em frente; mas, se eles mesmos se desampararem, não haverá solo onde pisar.
Vivemos comprimidos, espremidos entre dezenas, centenas, milhares de pessoas em escolas, empresas, congressos, feiras, reuniões e, no entanto, nunca fomos tão solitários.
Estamos próximos, porém muito distantes uns dos outros. Abraçamos nossos filhos, alunos, parceiros, colaboradores, mas não nos interessamos em conhecer suas camadas mais profundas.
A maioria dos pais jamais conversou com os filhos sobre os bastidores de sua mente, os fantasmas que os assombram, os medos que sequestram sua tranquilidade, as lágrimas que nunca tiveram coragem de chorar. Inúmeros casais já prometeram, diante de um religioso, que se amariam para sempre, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza. Nada tão belo e ao mesmo tempo tão ingênuo.
Esqueceram-se de prometer que cobrariam menos e abraçariam mais um ao outro, que criticariam menos e elogiariam mais. Não entenderam que o amor precisa ser inteligente para ter estabilidade. Amaram segundo a poesia de Vinicius de Moraes: “Que seja eterno enquanto dure”, sem compreender que pautar um romance só na emoção significa ter um amor insustentável.
A gestão da emoção e o gerenciamento do estresse clamam por outra tese, mais penetrante e profunda: “Que o amor seja eterno enquanto se cultive”. Dialogar sem medo e barreira, promover, inspirar, ser bem-humorado, não ter a necessidade neurótica de mudar o outro são formas inteligentes de cultivar o amor. Sem admiração mútua, mesmo o romance mais ardente se torna uma fonte de estresse, e não de prazer. E o mais importante: um ser humano não deve se relacionar com outro para ser feliz; ele precisa ser feliz e bem resolvido primeiro, para depois irrigar a saúde psíquica e a relação com quem ama.
Mas a mais insidiosa solidão é aquela em que nos calamos sobre nós mesmos. Analise se você se questiona, se penetra a essência de sua personalidade ou se, ao contrário, vive na superfície de seu planeta psíquico. “Sem admiração mútua, mesmo o romance mais ardente se torna uma fonte de estresse, e não de prazer.”