Olha bem pra ela, seu zé.
aquela moça mora em frente ao meu apê.
Todo dia pela manhã, eu vejo a mesma luta.
Nem sempre bem, nem sempre firme.
Mas tentando.
Tá vendo, seu zé?
Ela caminha com esse olhar de quem já conquistou o mundo,
mesmo com coração encolhidinho sem saber se vai suportar o dia de hoje.
Sai de casa sempre às 7:00.
Se despede da cachorrinha,
pede benção pros pais e bota a esperança na rua.
E lá vai ela.
Com um sorriso bonito que só de ver a gente floresce junto.
Até quando a temperatura implica, até quando a grana é curta, se acaso for, ela vai a pé.
Viu, seu zé?
Ela já perdeu amores,
já quebrou a cara e os ossos algumas vezes.
Tem dias que acha que não vai conseguir segurar a barra.
Mas resistente, ela repete.
Encarando o mundo no mesmo horário de sempre,
pra depois voltar com o dever cumprido.
Nem sempre bem, nem sempre firme.
Mas ela volta.
Olha pra ela, seu Zé.
Mesmo com o mundo desabando,
e o coração inundando,
ela olha pro céu,
sorri e segue em frente.