Embora possam ser disfarçadas e acompanhadas de palavras de carinho, as microagressões por parte de um companheiro amoroso vão nos desgastando e minando a moral lentamente, até acabar com a autoestima.
As microagressões são um tipo de maus-tratos psicológicos baseados no desprezo persistente e cotidiano, em uma anulação na qual o outro faz uso das brincadeiras para roubar, pouco a pouco, a nossa autoestima.
Estamos diante de um tipo de maus-tratos do qual nem sempre se fala, já que não é tão evidente, não deixa marcas e, às vezes, nem quem o pratica nem quem o recebe são conscientes de que estão diante de uma prática muito destrutiva.
Para entender melhor do que estamos falando, compartilharemos alguns exemplos simples.
É comum que existam homens e mulheres acostumados a dizer a seus parceiros que “adoro o quanto você é desastrado, você sempre alegra meu dia com seus erros e destrambelhos”.
“É melhor que eu fale, porque se você o fizer, vai dar tudo errado”.
“Deixe, não faça isso, eu faço porque com as suas mãos você certamente vai quebrar tudo”.
Assim como podemos ver, são situações nas quais fica presente uma certa sensação de carinho, uma demonstração de proximidade que, na realidade, faz com que a pessoa tome o controle da situação enquanto anula a outra.
Propomos um aprofundamento maior deste tema para tomar plena consciência deste tipo de práticas diante das quais precisamos reagir.
Características das microagressões
A relação de um casal se ergue sobre uma série de pilares básicos: respeito, compreensão, empatia, intimidade e cumplicidade.
Quando uma destas dimensões falha, as demais também começam a se enfraquecer. Porque sem uma boa comunicação, por exemplo, jamais poderá existir uma empatia adequada, e sem empatia não há uma cumplicidade autêntica.
Uma relação saudável e feliz é como um tecido forte de diversas cores no qual tudo se harmoniza, onde as diferenças são respeitadas porque existe um equilíbrio em todo este conjunto de fios, de bordados e de materiais que formam o tecido.
As microagressões são como se, dia após dia, fôssemos puxando um fio até removê-lo, até deixar pequenos buracos por onde escapam a harmonia e a felicidade.
Vejamos agora suas principais características:
A falta de atenção e a subvalorização
A falta de atenção e a subvalorização se traduzem em mostrar um desinteresse declarado em relação ao outro. Portanto, é também um tipo de microagressão que se pratica no dia a dia de forma persistente.
Estes seriam alguns pequenos exemplos que formam um dos inimigos mais comuns em uma relação de casal:
Ridicularizar o que o parceiro gosta.
Não prestar atenção aos detalhes que cuidam da relação.
Não ter tempo nunca para fazer algo juntos ou algo de que o parceiro goste: nenhum momento é bom.
Ironizar o que o cônjuge gosta diante de outras pessoas (“passa o dia inteiro lendo, fica perdendo tempo…”)
Anular a outra pessoa fazendo-a se sentir tola
Esta é, sem dúvida, a característica mais comum das microagressões.
No entanto, o mais complexo de tudo isso é que esta prática costuma começar de forma consentida, ou seja, podemos chegar a acreditar que é algo inocente, uma demonstração a mais de afeto ou atenção de nosso parceiro.
Estes são alguns exemplos sobre os quais refletir.
A outra pessoa começa a se ocupar de coisas porque afirma que “as faz melhor e economiza nossos esforços”.
É comum também que expresse publicamente entre amigos ou familiares as carências que o parceiro “supostamente” tem. “Não sabe cozinhar, quebra todos os pratos em que toca, faz uma bagunça no computador…”
Todas estas são condutas desgastantes e muito nocivas para a identidade e autoestima da pessoa.